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“O que puder fazer com o procurador-geral dos EUA seria ótimo”. Conheça a conversa entre Trump e Zelensky

Trump terá dado a entender que Joe Biden teria pressionado o procurador-geral da Ucrânia para ajudar a empresa do seu filho.
25 Setembro 2019, 16h29

Tal como tinha sido prometido por Donald Trump, a Casa Branca divulgou esta quarta-feira, 25 de setembro, a transcrição integral da conversa telefónica entre o presidente dos EUA com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, ocorrida em 25 de julho. De acordo com o documento “desclassificado”, Trump pediu ao presidente da Ucrânia para colaborar com o seu advogado Rudy Giuliani e  o procurador-geral dos EUA, William Barr, numa investigação a Joe Biden e as ligações do filho deste a uma energética ucraniana.

No meio de um turbilhão mediático e político sobre “o saber estar” na política e se houve ou não abuso de poder por Donald Trump, a conversa divulgada releva que o presidente dos EUA mencionou o nome Biden oito vezes durante a chamada telefónica com Zelenskiy, ocorrida entre as 9h03 e as 9h33 (hora em Washington; 2h03 e as 2h33 em Kiev), alegando que Joe Biden, enquanto vice-presidente de Obama, interviu numa investigação à empresa ucraniana onde o seu filho Hunter Biden ocupava um cargo no conselho de administração.

Trump terá dado a entender que Joe Biden teria pressionado o procurador-geral da Ucrânia para ajudar a empresa do seu filho.

“Há muita conversa sobre o filho de [Joe] Biden, que Biden impediu a acusação e muitas pessoas querem descobrir mais sobre isso. Portanto, o que puder fazer com o procurador-geral [dos EUA, William Barr] seria ótimo ”, disse Trump.

De acordo com a conversa divulgada, o presidente dos EUA disse: ” [Joe] Biden gabou-s de ter parado a prcuradoria, por isso se puder investigar … parece horrível para mim”, reforçou Trump. Do Leste da Europa, Zelenskiy respondeu que “a situação” será examinada depois de um novo procurador-geral da Ucrânia ser nomeado.

Trump também pediu a Volodymyr Zelenskiy para investigar se as autoridade ucranianas poderiam localizar um servidor do Comité Nacional Democrata que se tornou um problema na campanha presidencial de Trump em 2016 contra Hillary Clinton.

Na conversa o presidente norte-americano diz que os EUA “fazem muito pela Ucrânia”, mas essa afirmação surgiu no seguimento de queixas do homólogo ucranianos sobre a falta de assistência militar à Ucrânia.

Contudo, no início da ligação, Zelenskiy agradeceu a Trump o apoio dos EUA e disse que estava “quase pronto” para comprar mísseis aos EUA. Trump respondeu pedindo a Zelenskiy um “favor”: para investigar a localização de um servidor do Comité Nacional Democrata. “O servidor – eles dizem – tem a Ucrânia”, disse Trump.

A conversa entre os dois chefes de Estado está na origem do pedido formal de investigação à conduta de Trump com vista a um impeachment, anunciado na terça-feira pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.

O Partido Democrata quer investigar se Trump pressionou o presidente da Ucrânia a reabrir um inquérito criminal vinculado à família de Joe Biden em troca de restaurar a ajuda militar dos EUA ao Estado ucraniano. Contudo, a transcrição revelada pela Casa Branca não evidencia explicitamente se o pedido de Trump seria moeda de troca para restaurar a ajuda militar norte-americana ao país, que desde 2014 mantém uma tensa relação com a Rússia na região fronteiriça da Crimeia.

Ainda que a conversa tenha sido divulgada, o documento que tem o nome de “Memorando de conversa telefónica” contem a nota de que não se trata de “uma transcrição literal”. “O texto deste documento regista as anotações e notas dos oficiais de serviço da Situation Room designados para ouvir e memorizar as conversas por escrito, conforme a conversa ocorre”, lê-se.

As conversas entre presidentes dos EUA e os seus homólogos estrangeiros são geralmente confidenciais, e os memorandos que os documentam são secretos. Ainda que Trump tenha expressado dúvidas em divulgar a transcrição da conversa com Zelenskiy, por não querer abrir um precedente, a pressão crescente dos democratas e de alguns republicanos levou-o a ordenar publicação do documento.

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