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O ruído milionário

Muito do movimento será ditado pela qualidade dos diversos dados económicos que vão ser conhecidos sobre a economia dos EUA, como por exemplo o PIB e alguns números relativos à inflação.
  • Daniel Munoz/Reuters
30 Maio 2019, 07h41

Contrariamente à postura dos anteriores presidentes norte-americanos, Trump tem tido bastante influência directa no andamento dos mercados, para além das políticas que efectiva, provocando com o seu ruído, perdas e ganhos avultados, embora que de curto prazo. O twitter tem sido o seu megafone e desde que há três semanas reiniciou o caminho da confrontação por retórica com a China, relativamente à guerra comercial, os investidores não têm tido muito espaço para grandes decisões, é por isso que apesar das quedas recentes, os principais índices mundiais mantém-se à distância de apenas alguns dias de subidas razoáveis, ou cerca de 6%, de máximos históricos, estando igualmente perto das médias dos cem dias e dos duzentos dias, o que desde logo comprova que nas últimas meses o movimento tem sido relativamente contido. Ontem e depois de na segunda-feira Trump ter referido que ainda não estava preparado para fazer um acordo com a China, saiu um aviso em modo de comentário no principal jornal chinês, sobre a possibilidade do país asiático utilizar os metais raros como arma de arremesso no conflito comercial.

O facto dos EUA não produzirem esse tipo de metais, essenciais em importantes sectores tecnológicos, seja na produção de iPhones, baterias ou armas de precisão, e a realidade da China deter a esmagadora maioria da produção mundial, para além de enormes quantidades comprovadas dos dezassete minérios do grupo, criou outra frente de conflito verbal que reforçou o pessimismo dos investidores numa solução pacifica para o desentendimento, após quase quatro meses onde o optimismo imperou e a palavra de ordem era, não se, mas quando um acordo seria alcançado. No S&P500 todos os onze sectores que o compõem terminaram no vermelho, com destaque para a prestação mais negativa, pelo segundo dia, do grupo de empresas denominadas activos refúgio, como as utilities e as imobiliárias, ao passo que as financeiras e o sector dos materiais por pouco não fugiam às perdas.

No final da sessão os investidores acabaram por puxar pelo mercado encurtando as quedas para valores próximos dos da abertura, o que poderá dar algum alento hoje às praças europeias nas primeiras horas do dia, contudo muito do movimento será ditado pela qualidade dos diversos dados económicos que vão ser conhecidos sobre a economia dos EUA, como por exemplo o PIB e alguns números relativos à inflação.

O gráfico de hoje é do XLU, o time-frame é Diário

O ETF das utilities que fez uma aparente falsa quebra do canal descendente (azul), tem tido um comportamento algo incoerente com a normalidade, estando agora a corrigir dos máximos históricos atingidos na sexta-feira.

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