O ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, é tido como o mais provável sucessor de António Costa à frente do PS. Isto porque dispõe de um considerável apoio no aparelho do PS, e grande parte dos chamados “jovens turcos” socialistas que entraram para o Governo na última remodelação são pessoas próximas do ministro. Mas este promete ser um “verão quente” para Pedro Nuno, aliás bem mais quente do que as previsões meteorológicas para este agosto.

É já no próximo dia 12 que tem um grande teste, melhor, uma prova de vida política com a greve dos camionistas de matérias perigosas, um tema que deixa o país em estado de ansiedade. Será preciso evitar que os milhões de portugueses e as centenas de milhar de turistas que estão no país sofram com o abastecimento de combustível e, colateralmente, que todos possam sofrer com a eventual falta de víveres por incapacidade logística de o comércio ser abastecido. Esta não é tarefa fácil.

Pedro Nuno está disponível para intermediar um contrato coletivo de trabalho, algo que naturalmente pertence à esfera única de patrões e sindicatos. Aliás, o Governo já disse que o país e refere-se aos eleitores não percebem a motivação para não se negociar, mas a verdade é que todos sabem que só se negoceiam melhores condições laborais com uma posição de força. Ora, se passar o verão em que os turistas podem ser afetados ou passarem as eleições em que o PS poderá sair com danos deste confronto, a verdade é que, próximos quatro anos, não se vislumbra uma oportunidade tão boa como esta para os camionistas.

Voltando ao ministro Pedro Nuno e às suas ambições, não se antecipa uma tarefa fácil neste dossiê. Só que este não é o único tema que Pedro Nuno tem para resolver enquanto os outros ministros gozam férias ou, de forma muito animada, entram na pré-campanha das legislativas.

O ministro tem nos braços o spin-off das Infraestruturas de Portugal (IP) com a separação entre a rodovia e a ferrovia, um processo complexo que promete dar que falar, com destaque para as scuts, em particular a Rotas do Algarve (RAL), onde o ministro tem sido prejudicado pela postura errática da IP e que já resultou num “puxão de orelhas” do Tribunal de Contas no contrato com a concessionária. Agora o ministro e a IP veem a concessionária a ameaçar com uma rescisão, e consequentemente centenas de milhões de euros a ser pedidos a título de indemnização a resolver em tribunal e, muito possivelmente, com o recurso para as instâncias europeias.

Relembremos o tema de fundo: Pedro Nuno Santos vai ser ou não um sucessor de António Costa? A resposta estará nesta prova de vida política que envolve a greve de dia 12, o spin-off da IP e a questão da RAL. São três temas a ferver que obrigam a que Pedro Nuno use os dotes de negociador. E a negociação com privados, sabemos nós, não é uma brincadeira que se resolva com artefactos político-ideológicos. Se vencer, o ministro que não vai de férias, é o putativo sucessor de Costa.