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Obsessão de Costa pela Madeira não convence PSD nem CDS

António Costa defende mudança governativa na Madeira a 22 de setembro, PSD diz que madeirenses são discriminados na República e CDS afirma que Costa não quer ajudar a Madeira.
20 Maio 2019, 10h31

“Para nós não há eurodeputados a meias. A Região Autónoma dos Açores (RAA) tem o seu candidato a eurodeputado e a Região Autónoma da Madeira (RAM) tem a sua candidata a eurodeputada e os dois vão ser eleitos no próximo domingo”, frisou o Secretário-geral do Partido Socialista, António Costa.

António Costa participou, no passado domingo, num comício no Madeira Tecnopolo, no âmbito da campanha para as eleições europeias. Na iniciativa que contou com cerca de mil pessoas, António Costa disse mesmo ter “uma obsessão pela Madeira”, porque “o Porto Santo e a Madeira não são menos do que qualquer região do continente e os madeirenses e os porto-santenses não são menos portugueses do que qualquer outro português”.

O líder dos socialistas referiu que Portugal e a Europa são maiores à RAA e à RAM e considerou essencial que a Madeira esteja no centro da construção do processo europeu.

António Costa sublinhou que o PS quis ter na lista para o Parlamento Europeu também uma representante da Região: “Não há lista que represente todo o nosso país que não tenha em posição claramente elegível alguém da RAM, uma madeirense como é a Sara Cerdas”, acrescentando que a candidata madeirense não ai representar só a Madeira, mas também “uma nova geração de portugueses, uma geração que tem 30 anos, que já nasceu depois da nossa adesão à União Europeia”.

Fugindo ao assunto das europeias, o Secretário-geral do PS quis também abordar a questão das regionais, mencionando a mudança governativa “que já se provou ser possível no Governo da República, que já se tinha provado ser possível no Governo dos Açores e nas quatro câmaras municipais que o PS lidera na RAM”, e que espera que aconteça na Região.

“Esta é a mudança que vamos provar ser possível quando, no próximo dia 22 de setembro, os madeirenses e porto-santenses escolherem o Paulo Cafôfo para ser o próximo presidente do Governo Regional da Madeira”, afirmou.

António Costa deixou ainda uma palavra para os “nossos compatriotas que vivem na Venezuela”.

Resposta do PSD

Para o PSD, António Costa trouxe “uma mão cheia de nada” e “aproveitou a oportunidade para pedir, novamente, a confiança naqueles que nada fizeram pela Madeira e pelo Porto Santo”.

“Torna-se difícil aceitar que se afirme que os madeirenses e os porto-santenses são portugueses iguais aos do restante território nacional quando é por culpa exclusiva do Partido Socialista que, diariamente, se sente essa discriminação”, referiu o Secretário-geral do PSD Madeira, José Prada.

José Prada refere que não há motivos para António Costa “atacar” a Região, já que no que diz respeito aos fundos comunitários, a Madeira apresenta indicadores superiores aos nacionais, nomedamente na taxa de execução/pagamentos, de 39%, mais 4 pontos percentuais do que a nível nacional, e na taxa de compromisso, de 81%, também 3 pontos percentuais acima.

O Secretário-geral do PSD sublinha mesmo que os instrumentos disponíveis através dos fundos comunitários “têm nos vindo a apoiar muito mais do que o próprio Estado”, considerando um “absurdo” o argumento da consolidação das contas públicas, referido por António Costa, “quando se sabe que, nesta Região, a dívida global tem vindo a ser sucessivamente reduzida, ao contrário do que tem acontecido nos Açores e na República”.

Quanto à palavra deixada aos venezuelanos, o PSD salienta que o socialismo que levou aquele país à crise “é o mesmo que António Costa quer replicar na Região”.

Resposta do CDS

A candidata do CDS-PP Madeira às eleições europeias, Margarida Pocinho, afirmou que António Costa “é muito bem-vindo” à Madeira, mas diz que o Secretário-geral do PS e primeiro-ministro não tem retribuído a hospitalidade que lhe é dedicada pelos madeirenses.

“Já veio à Madeira muitas vezes, mas sempre como visita de médico, para tratar apenas de questões político-partidárias, questões que não têm nada a ver com os problemas dos madeirenses”, salientando que António Costa é primeiro-ministro de todos os portugueses, incluindo os madeirenses.

Margarida Pocinho fez ainda questão de referir que o Primeiro-ministro não cumpre o que está estabelecido na Constituição em relação à continuidade territorial e à linha ferry entre o continente e a Madeira, não revê o subsídio social de mobilidade, salientando ainda os problemas com a TAP, quer ao nível dos “preços exorbitantes” das viagens, quer a falta de voos”.

“Todos sabemos que António Costa tem competências para ajudar a Madeira, se não fez é porque não quer ajudar-nos”, declarou candidata.

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