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OE2021: BE garante que não quer nenhuma crise política e rejeita ter sido intransigente

“Claro que o Bloco de Esquerda não quer nenhuma crise política e o primeiro-ministro já o disse – e eu acompanho-o – que não é o Orçamento que determina se há ou não uma crise política. Precisamos de ter um Orçamento do Estado que seja capaz de responder ao país”, assegurou a bloquista.
  • Tiago Petinga/LUSA
27 Outubro 2020, 08h17

O Bloco de Esquerda “não quer nenhuma crise política” e a líder bloquista, Catarina Martins, recusa ter sido intransigente nas negociações orçamentais, comprometendo-se a apresentar na especialidade “nem mais nem menos” daquilo por que tem lutado.

Catarina Martins foi esta noite entrevistada por Miguel Sousa Tavares na TVI, um dia depois do BE ter anunciado o seu voto contra na generalidade do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), uma posição que o Governo já classificou como “incompreensível”.

“Claro que o Bloco de Esquerda não quer nenhuma crise política e o primeiro-ministro já o disse – e eu acompanho-o – que não é o Orçamento que determina se há ou não uma crise política. Precisamos de ter um Orçamento do Estado que seja capaz de responder ao país”, assegurou.

Na perspetiva da líder do BE, a clareza sobre aquilo que o partido pensa do OE2021 “é melhor mais cedo do que mais tarde para se encontrarem as soluções”, sendo em nome dessa clareza que os bloquistas não se podem “comprometer com um orçamento que faz com que o SNS para o ano que vem esteja mais frágil e que haja menos proteção social”.

“O Bloco de Esquerda vai apresentar na especialidade nem mais nem menos do que as medidas por que vem lutando até agora”, antecipou.

Confrontada com o facto de este não poder ser o orçamento do BE, uma vez que não foi o partido que ganhou eleições, Catarina Martins foi perentória: “nem é essa a nossa ideia”.

De acordo com a coordenadora bloquista, as medidas propostas ao Governo nas negociações orçamentais são “tão pequenas e tão cirúrgicas”, mas representam o mandato do partido, já que “as pessoas que votaram no BE decidiram votar no Bloco e não no PS” por “aquilo que o BE defende”.

“O BE não teve uma posição intransigente”, enfatizou.

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, considerou hoje “incompreensível” a decisão de o Bloco de Esquerda votar contra o Orçamento, afastando-se do processo negocial, e defendeu que novas tentativas de aproximação só se este partido as desencadear.

A deputada não inscrita Cristina Rodrigues anunciou esta manhã que se iria abster na votação na generalidade da proposta de OE2021, o que garantiu matematicamente a viabilização do documento.

Depois de o de o Bloco de Esquerda ter anunciado no domingo o voto contra o Orçamento e o PAN a abstenção, o Governo e o PS precisavam de garantir pelo menos mais uma abstenção para aprovar, na generalidade, o Orçamento de 2021.

O PS, com 108 deputados, precisava de oito votos a favor de outras bancadas ou de 15 abstenções para fazer passar o orçamento.

Do lado do “chumbo”, e depois do “não” do BE, contabilizam-se 105 votos – 79 do PSD, 19 do Bloco, cinco do CDS, um do Chega e outro da Iniciativa Liberal (IL).

O PCP, com 10 deputados, foi o primeiro a anunciar, na sexta-feira, que vai abster-se, a que se somaram no domingo os três deputados do PAN e a garantia da deputada não inscrita Joacine Katar Moreira de que não iria votar contra.

Falta agora conhecer o sentido de voto do PEV, cujo anúncio será feito na terça-feira.

O debate do Orçamento do Estado para 2021 está agendado para terça-feira e quarta-feira no parlamento, sendo votado, na generalidade, no último dia.

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