[weglot_switcher]

OE2021: Líder parlamentar do PSD diz que Governo tem “obrigação” de encontrar solução à esquerda

O líder parlamentar do PSD, Adão Silva, diz que o partido assiste “tranquilamente” às negociações e lembra as palavras do primeiro-ministro, António Costa: “no dia em que o Governo precisar do PSD para subsistir, cai”.
  • Adão Silva, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD
1 Outubro 2020, 11h24

O líder parlamentar do Partido Social Democrata (PSD), Adão Silva, avisou esta quinta-feira que o Governo tem a “obrigação” de encontrar uma solução com os partidos à esquerda para viabilizar o Orçamento do Estado para 2021 (OE2021). Adão Silva diz que o PSD assiste “tranquilamente” às negociações e lembra as palavras do primeiro-ministro, António Costa: “no dia em que o Governo precisar do PSD para subsistir, cai”.

“O Governo e o PS [Partido Socialista] têm a obrigação de encontrar uma solução com os seus parceiros, apresentando uma proposta de Orçamento que seja viável, construtiva e que seja aprovada. Estou de acordo que uma crise orçamental e política em cima da crise social e sanitária seria absolutamente terrível”, afirmou Adão Silva, em entrevista à rádio TSF, sobre o OE2021, que deverá ser entregue no dia 12 na Assembleia da República.

Adão Silva lembrou que, neste momento, decorrem negociações, “como é tradicional”, entre o Governo e os antigos parceiros da ‘geringonça’ – Bloco de Esquerda (BE), Partido Comunista (PCP), Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) e o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) – e sublinhou o PSD “não faz parte destas negociações e não vai fazer”.

“O PSD assiste tranquilamente a que o Orçamento apareça e, quando aparecer vai dar contributos construtivos porque, no fundo, é o país e os portugueses que estão em causa”, explicou, comprometendo-se a “melhorar” o OE2021 na especialidade.

O líder da bancada social-democrata considera que foi exatamente isso que o Presidente da República veio sublinhar com os seus apelos sucessivos a um entendimento à esquerda. “Não pode haver uma crise política. Há aqui um exercício do Presidente da República muito sofisticado e delicado, quase sibilino, para dizer que aqueles são os parceiros tradicionais – entendam-se – Portugal precisa de um Orçamento para 2021.

Adão Silva salientou ainda que todo este processo está “muito condicionado” pelas próprias palavras do primeiro-ministro. “Quando disse que, no dia em que a subsistência do Governo depender do PSD, o Governo acabou. Portanto, ou somos homens de palavra ou não somos. Todo o processo está absolutamente claro e cristalino: o Governo tem de ser capaz de encontrar uma solução para o seu Orçamento com os parceiros tradicionais”, reiterou.

Explica ainda que por ser um partido “muito responsável” e que está “muito preocupado com o país”, o PSD viabilizou o Orçamento Suplementar. “Achamos que era o que tínhamos a fazer porque o país assim o exigia [tendo em conta a pandemia da Covid-19]”, explicou, sublinhando que “a situação agora não é essa”.

Sobre o OE2021, disse que há “sinais preocupantes”, tendo em conta que o PCP veio apresentar 46 medidas urgentes. “Não sei o que é em Portugal negociar em cima de 40 medidas urgentes. Lá que fossem quatro ou cinco. Agora 40 é uma situação que nos deixa absolutamente perplexos”, referiu.

Adão Silva anunciou ainda para “breve” a apresentação do programa de retoma económica do PSD e espera que o Governo olhe com “muita atenção” e seja crítico, “sem desprezar e menorizar as propostas”. E afirmou: “Queremos que o Governo procure as virtudes que o plano tem e procure encontrar pontos de articulação”.

“Num país moderno e civilizado, há muita vantagem em que os principais atores da vida política se articulem e conversem, cada um mantendo a sua ideia. Os portugueses não ganham nada com uma relação ostensivamente hostil entre os grandes agentes da vida pública. Aquilo que o país exige são soluções”, salientou ainda.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.