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Oficial. Acionistas elegem Miguel Stilwell para liderar EDP até 2023

Miguel Stilwell de Andrade vai liderar a maior empresa da bolsa de Lisboa nos próximos três exercícios. Há 20 anos na elétrica, os acionistas escolheram um gestor da casa e português para suceder à liderança de 15 anos de António Mexia.
19 Janeiro 2021, 11h16

Os acionistas da EDP Energias de Portugal elegeram hoje Miguel Stilwell de Andrade para liderar até 2023 a maior empresa portuguesa e que conta com uma forte pegada internacional, apurou o Jornal Económico. A proposta passou com 99,98% de votos favoráveis. Do total de acionistas, quase 74% marcaram presença na AG.

A EDP realizou esta terça-feira uma assembleia geral extraordinária, por via telemática devido às regras de confinamento em vigor no estado de emergência. O segundo de dois pontos da agenda era “deliberar sobre a eleição dos membros do Conselho de Administração Executivo para o mandato relativo ao triénio 2021-2023.

Aos 45 anos, e depois de cinco meses como interino, Miguel Stilwell de Andrade foi hoje eleito para um mandato que deverá ser de continuidade da estratégia conduzida por António Mexia: renováveis e rotação de ativos.

A sua equipa vai ser constituída por Miguel Setas (líder da EDP Brasil), Rui Teixeira (líder da EDP Espanha e presidente interino da EDP Renováveis), Vera Pinto Pereira (líder da EDP Comercial) e Ana Paula Marques, que saiu do conselho de administração executivo da NOS para a EDP. Resta saber agora como é que vão ser distribuídas as competências entre os diferentes administradores até 2023.

O CAE que fora eleito em 2018 era composto por nove membros, mas entretanto tinha sido reduzido para sete com as suspensões do CEO António Mexia e do CEO da EDP Renováveis, João Manso Neto.

A convocatória para a assembleia geral extraordinária teve lugar a 18 de dezembro, e foi feita depois de António Mexia – que foi CEO da empresa desde 2006, mas estava suspenso desde julho de 2020 por ordem judicial no caso dos CMEC – ter dito a 30 de novembro que não estava disponível para integrar os órgãos sociais no novo triénio.

Os acionistas principais (China Three Gorges, Oppidum, Mudabala, fundo de pensões do BCP e Sonatrach) propuseram uma lista com cinco nomes, liderada por Miguel Stilwell de Andrade como CEO.

Nascido em 1976, Stilwell de Andrade está na EDP desde 2000, pertence ao Conselho de Administração Executivo desde 2012, foi nomeado administrador financeiro em 2018 e presidente interino em julho de 2020 aquando da suspensão de António Mexia.

Stilwell de Andrade é considerado pelos analistas como representando a continuidade da estratégia seguida por António Mexia, centrada na aposta nas renováveis e na rotação de ativos.

O grupo EDP encaixou 2,7 mil milhões de euros em vendas em 2020: a vendas das barragens no Douro a um consórcio francês, e a venda de ativos em Espanha à francesa Total. No final do ano passado, também concluiu a compra da energética espanhola Viesgo, avaliada em 2,7 mil milhões de euros. A conclusão das duas operações já foi supervisionada por Miguel Stilwell como presidente executivo interino.

Miguel Stilwell de Andrade chega à liderança num momento em que o seu maior acionista reduziu pela primeira vez desde 2012 a sua participação na elétrica para um valor abaixo dos 20%. Em pouco mais de um ano, a China Three Gorges (CTG), a maior acionista da EDP, vendeu 4,3% da empresa encaixando 827 milhões de euros. A transação mais recente teve lugar na semana passada com a venda de 2,52% do capital da EDP reduzindo a sua participação para 19,03%, a mais baixa desde que a empresa pública chinesa entrou no capital da elétrica portuguesa em 2012. A operação ficou fechada por 534 milhões de euros.

A China Three Gorges continua assim a ser a maior acionista com 19,03% da elétrica. Seguem-se os espanhóis da Oppidum Capital com 7,20%, sociedade detida em 55,9% pela Masaveu Internacional, SL., com os restantes 44,1% detidos pelo Liberbank, e os norte-americanos do fundo Blackrock com 5,06%. Depois, na quarta posição surgem os noruegueses do Norges Bank (2,95%), seguidos do Alliance Bernstein (2,68%), dos argelinos do Sonatrach (2,19%) e da Qatar Investment Authority (2,09%).

O grupo EDP valorizou quase 33% na bolsa de Lisboa num espaço de um ano, tendo agora uma capitalização bolsista de 21,2 mil milhões de euros.

A cotação da EDP tem vindo a bater recordes no PSI 20: no dia 8 de janeiro atingiu o seu valor mais alto de sempre em negociação (5,66 euros) e o mais elevado de fecho (5,63 euros).

Também a EDP Renováveis tem registado um crescimento assinalável na bolsa de Lisboa. A companhia liderada desde 2008 por João Manso Neto e que sai agora do cargo valorizou 113% no último ano. A Renováveis já vale quase tanto quanto a casa-mãe: 20,11 mil milhões de euros.

No dia 8 de janeiro atingiu o seu valor mais alto de sempre na bolsa de Lisboa (26,40 euros) durante a negociação. Já a cotação de fecho mais elevada foi atingida a 7 de janeiro (25,80 euros).

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