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OMS alerta Governos europeus para terceira vaga de infeções por Covid-19 no início de 2021

David Nabarro, especialista da OMS, afirmou ao jornal suíço “Solothurner Zeitung” que os Governos “deixaram de construir a infraestrutura necessária durante os meses de verão, depois de terem a primeira vaga sob controlo”, uma decisão que, de acordo com este especialista afetou o combate à segunda vaga, após uma quebra de casos durante a época de verão.
  • André Kosters / Lusa
25 Novembro 2020, 13h04

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a Europa vai enfrentar uma terceira vaga de infeções até ao início de 2021 e aconselhou os Governos europeus a manterem as restrições que estão atualmente em vigor.

No início da semana, David Nabarro, especialista da OMS, afirmou ao jornal suíço “Solothurner Zeitung” que os Governos “deixaram de construir a infraestrutura necessária durante os meses de verão, depois de terem a primeira vaga sob controlo”, uma decisão que, de acordo com este especialista afetou o combate à segunda vaga, após uma quebra de casos durante a época de verão.

Com a segunda vaga ainda ativa, Nabarro sustentou à publicação que é preciso começar já a construir os equipamentos necessários para combater a terceira vaga e minimizar o número de infetados e de vítimas mortais.

Um grupo de cientistas do Reino Unido confirmou as declarações da OMS, sustentando que, após o Natal, deverá verificar-se um aumento exponencial de casos com uma abertura das medidas restritivas por parte do Governo liderado por Boris Johnson. Com a permissão da reunião de familiares de um total de três habitações, os cientistas apontam que este é uma receita para o desastre, uma vez que irá resultar num aumento de casos no território.

Os cientistas estão a tentar encorajar o Governo a tomar medidas mais restritivas durante o inverno e a desencorajar as famílias de se reunirem. Dois cientistas do Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências do Reino Unido admitiram que o relaxamento das medidas levaria a que o Serviço Nacional de Saúde ficasse sobrecarregado

“Na nossa opinião, [a falta de implementação de restrições] levará a uma maior transmissão. É provável que leve a uma terceira onda de infeções, com os hospitais a serem invadidos e com vários óbitos”, disse Andrew Hayward do conselho científico à “BBC2”. “Estamos num país onde temos níveis de infeção elevados, especialmente entre jovens. Reuni-los por horas com familiares idosos, acho que é uma receita para que muitas famílias se arrependam”, sustentou.

Marcelo pediu para “repensar o Natal”

No passado mês de outubro, o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu a possibilidade de se ter de repensar o Natal em família. “É preciso repensar o Natal em família. Divide-se pelas várias componentes da família”, disse na altura em que Portugal passava os mil casos diários.

Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que têm de haver um esforço por parte da população para cumprir as medidas definidas pelo Governo, uma vez que não se trata apenas de repensar o Natal com a família mas também com os programas com amigos. Na semana passada, o Presidente da República esclareceu que é provável que “uma terceira vaga possa ocorrer entre janeiro e fevereiro” e que, por isso, é importante “conter em dezembro o processo pandémico”.

O primeiro-ministro português, António Costa, sustentou no início do mês que a renovação do estado de emergência e as restrições à circulação serviam como “objetivo de podermos ter todos um Natal em segurança” e que as medidas de restrição devem servir como motivação para perceber que este é um “momento de fazer um esforço suplementar”.

França antecipa terceiro confinamento após o Natal

O presidente francês, Emmanuel Macron, admitiu que irá levantar o confinamento ao povo francês para que a população passe o Natal com as suas famílias, mas deixou o aviso de que é preciso travar uma terceira vaga do vírus e, consequentemente, um terceiro confinamento.

Emmanuel Macron disse que as lojas, teatros e cinemas vão reabrir, de forma a manter a magia do Natal para as crianças de várias famílias, mas que os restaurantes, cafés e bares se vão manter encerrados até janeiro. França vai levantar o confinamento no próximo dia 15 de dezembro mas o recolher obrigatório, entre as 21 horas e as 7 horas, vai manter-se.

O recolher obrigatório em França será relaxado nas vésperas de Natal e de Ano Novo, para permitir que os cidadãos se desloquem entre regiões e para que possam passar as festividades com as suas famílias.

Leyen pede manutenção das medidas de restrição

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu que os governos europeus suspendessem a decisão de levantar as medidas de restrição e os confinamentos, lançando um alerta sobre a possibilidade de uma terceira vaga atingir gravemente a Europa depois da época natalícia, uma vez que várias famílias já estão a preparar a união.

Cientistas em Bruxelas consultados pela presidente da Comissão Europeia alertaram que se verificou um aumento significativo de novas infeções no fim de setembro e início de outubro porque os Executivos aliviaram grande parte das medidas de restrição que se encontravam em vigor, como o regresso dos trabalhadores aos seus locais de trabalho e o regresso das crianças às escolas.

“Faremos uma proposta de uma abordagem gradual e coordenada para o levantamento das medidas de contenção. Isso será importante para evitar o risco de mais uma vaga”, disse von der Leyen.

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