Depois de uma primavera com temperaturas altas, o verão chegou tímido e trouxe nebulosidade e até chuva. Mas as temperaturas têm subido a pique (principalmente nos últimos dias) e máximas de 42º C estão a deixar o país em alerta máximo para o perigo de incêndios.
Contudo o cenário não é coerente com o resto do continente. O Reino Unido foi afetado com chuvas torrenciais e os gregos atingidos com tempestades de granizo que provocaram estragos e a morte de seis pessoas.
Afinal, o que se passa com o tempo? Serão estes cenários climatéricos divergentes normais em época de verão ou será isto mais uma ocorrência das alterações climáticas?
De acordo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), estas ocorrências são normais nesta altura do ano sendo que o Mediterrâneo e o Ocidente são os mais afetados. “Estes eventos são frequentes no período de verão, sendo particularmente intensos na Europa Continental e no Mediterrâneo, tendo também existido situações semelhantes em Portugal Continental”, explica uma porta-voz ao Jornal Económico, em comunicado.
A razão é simples: uma massa anti-ciclónica está a atravessar o velho continente. Portugal está na periferia desta mancha mas não por isso deixou de ser afetado, apenas sentiu os efeitos mais tarde. Trata-se de um fenómeno meteorológico que, por força da pressão do ar que circula de forma vertical e descendente, impede a formação de nuvens e, consequentemente, de precipitações. Verifica-se com mais frequência no verão mas também é possível que ocorra durante o inverno.
“A posição dos centros de ação dos anticiclones e depressões e a forma como interagem determina a circulação à superfície e em altitude, por exemplo a posição da crista anticiclónica e o seu eixo face à Europa Central foi determinante para a intensificação do fenómeno da onda de calor registada no final do mês de junho de 2019”, conta o instituto.
No mês passado, os termómetros chegaram aos 45,1 graus em França e em alguns países da Europa Ocidental viram também as suas temperaturas a atingir novos recordes devido a uma onda de calor vinda da África do Norte e que varreu o continente. Apesar do IPMA referir ser normal este ‘sobe e desce’ de temperaturas, um estudo da Universidade de Zurique mostra que, até 2050, cerca de 77% de todas as cidades do mundo vão sofrer alterações climáticas drásticas. A publicação diz que na Europa as cidades vão ter uma subida de 3.5º C no verão e o inverno vai ser 4.7º C mais quente.
Mas para o IPMA as alterações climáticas não são o fator determinante para estes cenários extremos, referindo que o que aconteceu na Grécia é normal e poderá vir a repetir-se ainda este mês.
“Ocorreu na Grécia no final da tarde de dia 10 de julho precipitação intensa com cheias rápidas, granizo de grandes dimensões, rajadas de vento intensas e trovoada, provocando elevados estragos e perdas de vidas humanas. Estes eventos são frequentes no período de verão,” vinca ao JE, relembrando que no passado 8 de julho ocorreu precipitação intensa, em particular de granizo e acompanhada de trovoada no nordeste transmontano.
Sobre se tempestades de granizo e temperaturas a 40º pode vir a acontecer novamente, o IPMA considera essa possibilidade afirmando que “prevê-se um cenário semelhante entre os dias 12 e 13 de julho no Continente”.
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