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Ondas de calor numa ponta da Europa e tempestades de granizo noutra. Tudo normal, diz o IPMA

Das ondas de calor abrasador às tempestades de granizo no verão. Serão estas manifestações das alterações climáticas ou ocorrências metereológicas normais?
12 Julho 2019, 17h00

Depois de uma primavera com temperaturas altas, o verão chegou tímido e trouxe nebulosidade e até chuva. Mas as temperaturas têm subido a pique (principalmente nos últimos dias) e máximas de 42º C estão a deixar o país em alerta máximo para o perigo de incêndios.

Contudo o cenário não é coerente com o resto do continente. O Reino Unido foi afetado com chuvas torrenciais e os gregos atingidos com tempestades de granizo que provocaram estragos e a morte de seis pessoas.

Afinal, o que se passa com o tempo? Serão estes cenários climatéricos divergentes normais em época de verão ou será isto mais uma ocorrência das alterações climáticas?

De acordo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), estas ocorrências são normais nesta altura do ano sendo que o Mediterrâneo e o Ocidente são os mais afetados. “Estes eventos são frequentes no período de verão, sendo particularmente intensos na Europa Continental e no Mediterrâneo, tendo também existido situações semelhantes em Portugal Continental”, explica uma porta-voz ao Jornal Económico, em comunicado.

A razão é simples: uma massa anti-ciclónica está a atravessar o velho continente. Portugal está na periferia desta mancha mas não por isso deixou de ser afetado, apenas sentiu os efeitos mais tarde. Trata-se de um fenómeno meteorológico que, por força da pressão do ar que circula de forma vertical e descendente, impede a formação de nuvens e, consequentemente, de precipitações. Verifica-se com mais frequência no verão mas também é possível que ocorra durante o inverno.

“A posição dos centros de ação dos anticiclones e depressões e a forma como interagem determina a circulação à superfície e em altitude, por exemplo a posição da crista anticiclónica e o seu eixo face à Europa Central foi determinante para a intensificação do fenómeno da onda de calor registada no final do mês de junho de 2019”, conta o instituto.

No mês passado, os termómetros chegaram aos 45,1 graus em França e em alguns países da Europa Ocidental viram também as suas temperaturas a atingir novos recordes devido a uma onda de calor vinda da África do Norte e que varreu o continente. Apesar do IPMA referir ser normal este ‘sobe e desce’ de temperaturas, um estudo da Universidade de Zurique mostra que, até 2050, cerca de 77% de todas as cidades do mundo vão sofrer alterações climáticas drásticas. A publicação diz que na Europa as cidades vão ter uma subida de 3.5º C no verão e o inverno vai ser 4.7º C mais quente.

Mas para o IPMA as alterações climáticas não são o fator determinante para estes cenários extremos, referindo que o que aconteceu na Grécia é normal e poderá vir a repetir-se ainda este mês.

“Ocorreu na Grécia no final da tarde de dia 10 de julho precipitação intensa com cheias rápidas, granizo de grandes dimensões, rajadas de vento intensas e trovoada, provocando elevados estragos e perdas de vidas humanas. Estes eventos são frequentes no período de verão,” vinca ao JE, relembrando que no passado 8 de julho ocorreu precipitação intensa, em particular de granizo e acompanhada de trovoada no nordeste transmontano.

Sobre se tempestades de granizo e temperaturas a 40º pode vir a acontecer novamente, o IPMA considera essa possibilidade afirmando que “prevê-se um cenário semelhante entre os dias 12 e 13 de julho no Continente”.

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