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OPA ao Montepio retira a CMVM do processo de passagem do banco a sociedade anónima

Com a OPA, fica sem efeito a troca de títulos que estava a atrasar o processo de passagem a sociedade anónima por haver informação em falta na CMVM. A Associação Mutualista reforça o poder no banco.
5 Julho 2017, 07h30

Quando toda a gente estava à espera que a Associação Mutualista vendesse parte da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), eis que a instituição liderada por Tomás Correia lança uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre as unidades de participação representativas de 26,5% do Fundo de Participação da CEMG. O preço é um euro por ação e o investimento da Associação Mutualista que tem capitais próprios negativos nesta OPA ronda os 100 milhões de euros. Os títulos cotados do Montepio fecharam nos 0,497 euros.

O objetivo último da Associação Mutualista é assegurar que, na sequência da referida transformação do banco em sociedade anónima, o capital social da CEMG venha a ser detido, na maior extensão possível, por entidades da economia social, diz a dona do Montepio em comunicado..

Como se sabe, o processo de passagem a sociedade anónima da Caixa Económica Montepio estava parado à espera da aprovação de um prospecto de troca das unidades de participação por ações, o que obriga a que inclua informação exaustiva sobre o banco.

A CMVM, de acordo com regras do mercado, para aprovar o prospecto prévio ao registo da operação de troca de títulos, que era essencial para definir o capital do banco na passagem a sociedade anónima, exigia informação que ainda estava em falta e que estava a ser pedida ao banco.

O processo estava longe da aprovação pelo regulador do mercado de capitais, soube o Jornal Económico, mesmo depois de na passada sexta-feira a dona do Montepio ter comunicado a assinatura de um memorando de entendimento para negociações com a Santa Casa da Misericórdia. Bem como o anúncio de um aumento de capital exigido pelo regulador de 250 milhões de euros.

Esta OPA troca as voltas aos reguladores. É já conhecido que o Banco de Portugal é o maior defensor da abertura do capital do banc0 a novos acionistas com capacidade de acorrer a futuros aumentos de capital. Mas a saída de bolsa do Montepio reforça o poder da Associação Mutualista no banco, e de certa maneira vai em sentido contrário às recomendações do Banco de Portugal. Embora o presidente da mutualista tenha dito em comunicado que esta operação vai acelerar a entrada de novos acionistas da economia social.

Para António Tomás Correia, Presidente da Associação Mutualista Montepio, “trata-se de uma medida fundamental para que, após a sua transformação em sociedade anónima, o capital social da CEMG venha a ser detido, na maior extensão possível, por entidades da economia social. É um importante passo para dar corpo à estratégia de tornar a CEMG na Instituição Financeira da Economia Social, podendo assim contribuir ativamente para o desenvolvimento do nosso país”.

A OPA foi lançada a um euro por unidade de participação não detida pela Associação Mutualista Montepio e correspondentes a apenas 4,4% do total do capital (fundos próprios de nível 1) da CEMG, diz o comunicado.

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