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Oracle também pagou viagens a quadros do Estado

A Oracle é a mais recente empresa que se sabe ter pago viagens a quadros do Estado. A um evento da marca, em São Francisco, EUA, foram cinco quadros de estruturas sob a tutela dos ministérios da Segurança Social, Finanças, Administração Interna e Saúde. E há quem não seja estreante nestas andanças.
29 Agosto 2017, 10h58

Depois de Galp e Huawei, agora é a vez de a Oracle ser a protagonista numa história que envolve o pagamento de viagens a São Francisco a quadros do Estado. A empresa de tecnologia e informática pagou a viagem e o alojamento a cinco altos funcionários de estruturas que dependiam dos ministérios da Segurança Social, Finanças, Administração Interna e Saúde. Entre os dias 28 de setembro e 2 de outubro de 2014, estes altos quadros estiveram naquela cidade da Califórnia para um evento da empresa, com direito a concerto dos Aerosmith, conta o Observador, que acrescenta que, dos cinco funcionários, três ainda estão em funções no Estado.

O evento em causa foi o Oracle Open World 2014, que contou a com a presença de, pelo menos, 53 portugueses. Entre eles estavam estes cinco funcionários do Estado e outros de empresas estatais ou participadas, que tiveram acesso ao pass premium, também ele pago pela Oracle, segundo o Observador, que relata ainda que as despesas que a empresa norte-americana não assegurou foram pagas pelos parceiros (que podem ou não ter recorrido aos chamados fundos de marketing, que podem, em parte, ser custeados pela empresa anfitriã destas viagens, segundo apurou o Observador).

Além dos cinco quadros estatais, viajaram também para o mesmo evento, com despesas pagas, três diretores ou funcionários da TAP e da CGD, dois das OGMA e da Galp, e ainda um professor da Universidade Nova de Lisboa, diz o periódico online, que adianta ainda que das dez pessoas da esfera do Estado que se deslocaram à sede da Oracle, cinco fizeram-no em circunstâncias idênticas às que estão a ser investigadas no caso das viagens à China pagas pela NOS e pela Huawei.

Os rostos da polémica
Há mesmo quem tenha repetido a façanha, como acontece com Carlos Santos, da Autoridade Tributária, que já havia ido à China, à sede da Huawei, e que está sob investigação. Somam-se-lhe Diogo Reis, dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (da equipa da Plataforma de Dados da Saúde), e Francisco Baptista, chefe de Equipa Multidisciplinar de Sistemas e Produção (EMSP) da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna. Nestes três casos, afirma o Observador, as despesas terão sido partilhadas com a Timestamp, empresa de sistemas de informação parceira da Oracle.

A este rol, o Observador acrescenta ainda dois diretores do Instituto de Informática da Segurança Social (IISS): Carlos Oliveira e João Mota Lopes, outro repetente – e também sob investigação sob suspeita de ter ido à China a convite da Huawei. Neste caso, o parceiro a convidar foi a Normática, diz o mesmo jornal.

Nesta ida a São Francisco estarão ainda envolvidos quadros da TAP e da CGD, empresas na altura geridas a 100% pelo Estado Português. No caso da CGD, os participantes foram Pedro Fonseca (então diretor de operações dos serviços de Tecnologias de Informação) e Nuno Guerreiro, ambos a convite da consultora em Serviços de Informação IDW.

No caso da TAP, foi Nuno Cardoso, diretor de serviços de Tecnologias de Informação, a viajar para os EUA, na quota do parceiro ITEN Solutions, segundo apurou o Observador. Roberto Silva, quadro da Galp, participou neste evento a convite da GSTEP, tal como o diretor de Tecnologias de Informação da OGMA, José Miguel, também a convite da Timestamp.

Além destes, há outro nome que salta à vista, ainda que pertencente ao setor provado: Henrique Muacho, antigo presidente do Conselho de Administração da Informantem, que terá estado por trás do convite a vários políticos para a viagem à sede da Huawei.

O Observador afirma ter contactado a Oracle através da sede em Portugal, mas sem resposta.

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