Portugal beneficiou de uma conjuntura única nos últimos anos, ao nível das taxas de juro, do preço do petroleo, do turismo, do crescimento economia europeia e das exportações.

O orçamento para 2018, não traz novidades tendo em conta a política traçada de privilegiar a devolução acelerada de rendimentos a pensionistas, funcionários públicos e famílias com rendimentos mais baixos, por contrapartida do aumento dos impostos indirectos que registam um crescimento significativo, de 4,7%. Estes impostos são mais eficazes na captação de receita, uma vez que são menos sensíveis às famílias e às empresas, e por isso menor impacto psicológico.

Embora a percentagem da dívida pública relativa ao PIB diminui, o stock de dívida total continua a aumentar, o que num ambiente excepcional de conjuntura interna e externas não deixa de ser preocupante.

A segurança social terá o seu saldo mais baixo dos ultimos anos, cerca de 311 milhões de euros, mesmo quando é tida em conta a exclusão da dotação extraordinária do OE. A despesa líquida irá aumentar fruto dos aumentos de pensões anunciados, e não consegue ser compensada pelas contribuições no âmbito da criação de emprego. O orçamento peca pela ausência de reforma da segurança social, especialmente quando estão previstos saldos previenciais negativos a partir de meados de 2020, e as receitas dos actuais contribuintes são insuficientes para fazer face aos pagamentos futuros esperados.