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“Os governos devem pagar às empresas toda a receita perdida”, defende antigo governador do Banco de Inglaterra

Mervyn King, governador do Banco de Inglaterra de 2003 a 2013 e responsável pelo resgate dos bancos britânicos da crise financeira de 2008, quer uma resposta radical à pandemia.
23 Março 2020, 18h40

Lord Mervyn King estava no comando do Banco de Inglaterra quando eclodiu a crise financeira de 2008 e após um primeiro momento de dúvida sobre a moralidade de ajudar bancos que correram riscos excessivos naquilo que devia ser por sua conta e risco, colaborou com o governo britânico para resgatar o setor.

Agora, Mervyn King, afirmou em entrevista ao jornal espanhol Expansión que embora a atual crise do coronavírus tenha uma origem muito diferente, a resposta tem de ser ainda mais radical; “os governos devem pagar às empresas toda a receita perdida”.

Atualmente membro da Câmara dos Loudes, King, que acaba de editar um livro escrito em co-autoria com um professor de Oxford, John Kay e é também professor na London School of Economics e na Stern School da New York University (NYU), explica que, como na grande crise financeira de 2008, são agora necessárias medidas urgentes e sem precedentes para salvar a economia.

“O que estamos a enfrentar não é uma recessão clássica. É uma interrupção da atividade exigida pelos governos, promovendo medidas de distância social como a única forma que parece funcionar para impedir a propagação da Covid-19”. Sendo assim, diz, e uma vez que “restaurantes, companhias aéreas, hotéis, cinemas ou academias de ginástica não são os culpados pelo que aconteceu, foram forçados a fechar devido a uma emergência de saúde, os governos devem pagar todas as receitas perdidas durante a crise”.

Claro que isso significaria um grande salto no défice e na dívida pública, mas para Mervyn Kong, “a dívida é uma questão secundária neste momento. Os investidores entenderiam que um aumento da dívida é melhor que a falência de centenas de milhares de empresas e de negócios, causando uma longa depressão”.

O conceituado professor afirma que “cada país deve fazer um esforço coletivo para salvar as suas empresas e partilhar com as gerações futuras as dívidas decorrentes da crise”. Convencido que “quando os economistas estudarem o período 2000-2020 no futuro, analisarão a crise financeira e a crise do coronavírus” King diz ainda que “os sistemas de saúde devem ter maior capacidade e recursos para responderem a este tipo de pandemia. Um vírus ainda mais mortal que o Covid-19 pode chegar no futuro”.

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