Dizia uma nulidade que “os portugueses adoram a TAP”. Até pode ser, mas tenho uma certeza ainda maior de que não a querem pagar. Sobretudo quando é conhecida a opípara injecção de milhares de milhões na transportadora aérea, como se houvesse um poço sem fundo que suportasse empresas praticamente inviáveis e bancos ditos bons que viraram um pesadelo constante e um charco de notícias indigestas para todos os portugueses.

Quem disse a frase citada foi Miguel Frasquilho. Ele que finalmente foi a boa notícia com a sua anunciada saída de chairman da companhia. Bem tentou oferecer-se para continuar no cargo em diversas entrevistas, mas, felizmente, pelo que disse Marques Mendes e várias notícias não desmentidas, que António Costa obrigou o ministro da tutela a despachá-lo sem apelo nem agravo.

Aliás, era para tantos funcionários da TAP (dos que ficaram e dos que saíram) inconcebível que esta criatura por ali permanecesse. Sejamos claros: Miguel Frasquilho é um produto do Bloco Central que ocupa cargos públicos, solidariedades por debaixo do pano, guardanapos e aventais. Na minha opinião, Frasquilho era, é e continuará a ser medíocre, não há volta a dar. Que o seu espelho lhe diga a verdade e que não se engane a si próprio.

Os resultados foram catastróficos e louve-se a crença e obstinação de Pedro Nuno Santos no futuro da nossa companhia de aviação de bandeira. O futuro do ministro pode ser radioso em termos políticos, contudo, saberá o próprio que o seu destino será marcado por esta opção de risco. A TAP pode revelar-se o seu Shangri-La ou o seu Hades, porém, a percepção pública é de gigantesca desconfiança com esta opção de intervenção estatal, o que não é um bom sintoma para os dias que virão.

Este enorme esforço merecia alguma contenção dos quadros da TAP. Esta é uma fase muito dura, muito susceptível, qualquer vírgula pode implicar um tsunami. Lenine afirmava que “um imbecil pode, por si só, levantar dez vezes mais problemas que dez sábios juntos não conseguiriam resolver”. Ora, o vídeo protagonizado pelos senhores Pedro Ramos e João Falcato, directores da TAP, na Plaza Mayor em Madrid, provam a máxima do líder soviético.

O Ministério das Infraestruturas pode estar indignado, podem anunciar-se inquéritos e procedimentos disciplinares, porém, há algo que é evidente: estas duas criaturas são desprovidas de bom senso, logo, não podem continuar nos lugares que ocupam. Faltaram ao respeito a centenas de colegas, colocaram a companhia estupidamente nas bocas do mundo, não preservaram o recato nem a contenção. A TAP precisa dos melhores e não de imbecis.

PS: todas as semanas os portugueses são surpreendidos pelo despudor daquelas elites que mandaram num tempo em Portugal e agora respondem por diversos motivos na Justiça. A mais desconcertante notícia foi a de que Ricardo Salgado queria levar um padre para atestar do seu carácter.

Imaginem o que seria Mexia, Zeinal, Sócrates, Nuno Vasconcelos, entre uma lista infindável nesta galeria de horrores, aparecerem com um padre como testemunha. Isto não é defesa de ninguém, é puro e maquiavélico gozo destes cavalheiros com a comunidade.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.