Fernando Medina abriu a verdadeira rentrée socialista com o anúncio eleitoralista da redução de preços dos passes dos transportes públicos na área metropolitana de Lisboa. Ficámos desde logo a saber que essa redução de preços não será feita à custa dos orçamentos autárquicos dos municípios favorecidos, mas a coberto do Orçamento Geral do Estado. Isto é, a propaganda anunciada pelo edil de Lisboa será à custa dos impostos de todos os portugueses, de norte a sul do país.

Afirmo ser uma medida eleitoralista porque a campanha política já começou. E não há nada como dar uma mãozinha política àquele que teve, depois do PCP, a grande derrota eleitoral das últimas eleições autárquicas – perdendo três vereadores para o CDS – e fazendo esfumaçar a maior maioria absoluta que o PS obtivera, até à data, na Capital. Por isso, agora, Fernando Medina pôs as vestes de emissário político do Governo, deixando para trás o ministro que tem a pasta dos transportes, e lançou uma ideia para o ar. Ideia essa que, a meu ver, merece ser esmiuçada, ponderada e quantificada, mas que teve o óbvio propósito de potenciar o voto socialista na metrópole lisboeta.

É por demais evidente que já começou a campanha das europeias, das legislativas e até das autárquicas. Sim, nas próximas eleições autárquicas decide-se muito em Lisboa e até no país: a manutenção, ou não, da governação à esquerda na Capital; o futuro do PS (se Medina tem, ou não, condições para vir a ser um putativo secretário-geral socialista); e até, dependendo do contexto nacional, uma eventual mudança de ciclo político. Daí ser preciso começar cedo a campanha e dar palco aos protagonistas.

Mas voltando aos passes dos transportes. A medida proposta, para ser viável e territorialmente justa, terá necessariamente que ser aplicada a todo o país. Mas aí coloca-se uma importante questão: muito do país real, do interior, cujos transportes coletivos não chegam muitas vezes aos meios mais pequenos, esses também vão pagar, por via do Orçamento de Geral do Estado, os devaneios eleitoralistas de Lisboa?

Depois de termos passado mais um verão em que tanto se falou do Interior e de políticas para diminuir as enormes assimetrias que existem há décadas em Portugal, o PS veio evidenciar que está apenas preocupado com as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Por detrás de tudo isto existe o propósito político claro de alcançar – a todo e a qualquer custo – uma maioria absoluta para o PS.

Infelizmente a governação socialista toma decisões a pensar no dia a dia e não a pensar nas futuras gerações. Que reformas estruturais fez este Governo da geringonça? Que redução da despesa do Estado houve nos últimos quatro anos? Quando se conseguirá travar e inverter o acelerado grau de debilidade do SNS? Que crédito podemos dar à política dos transportes públicos como a CP ou o Metropolitano? Não vemos respostas, e muito menos acções, a estas perguntas. Mas uma certeza subsiste: para o PS o objetivo é só um – Maioria Absoluta. Viva a campanha!

 

 

Rodrigo Antunes/Lusa

É digno de registo a elevada participação dos Sportinguistas nestas últimas eleições. O Sporting virou uma página. Aliás, o Sporting quis de forma expressiva virar rapidamente a página aos últimos meses atribulados da gestão de Bruno de Carvalho à frente do clube. É tempo de união e todos os candidatos, sem exceção, que se apresentaram às eleições deram um importante exemplo de fair-play eleitoral.