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Óscares do espaço: A tecnologia nacional que está a mudar o mundo

São muitas as empresas a trabalhar com a Agência Espacial Europeia e a NASA. O reconhecimento é grande. Os prémios Copérnico Masters, conhecidos por Óscares do Espaço, deram recentemente dois galardões a Portugal.
25 Novembro 2017, 09h00

Os “Óscares do espaço” são diferentes da cerimónia de Hollywood. Não existe passadeira vermelha para os convidados nem estatuetas douradas para os vencedores. Os prémios Copérnico Masters, entregues em Talin, na Estónia, deram dois prémios a Portugal. A Space Layer Technologies e a Deimos Engenharia estão entre os premiados que desenvolvem projectos ligados a um programa europeu de observação da Terra com satélites, o Copérnico.

Pedro Caridade, da empresa Space Layer Technologies, subiu ao palco para receber o “Copernicus Government Challenge”, um desafio que pretende mostrar que o Copérnico (programa de observação da Terra, da Comissão Europeia em parceria com a ESA) é uma boa ferramenta para ser usada no sector público.

“No ano de 2016, por iniciativa da ESA-BIC fomos finalistas na área do “The DLR Environment, Energy & Health Challenge” e top 5 dos participantes. Por essa razão fomos convidados a pertencer ao primeiro Copernicus Accelerator promovido pela Comissão Europeia, onde durante 8 meses fomos auxiliados por mentor, Pedro Branco da Virtual Angle, no desenvolvimento comercial do nosso produto. Apenas este “ser finalista” abriu muitas portas e contactos internacionais, tendo participado no World Mobile Congress, coma abertura de novos verticais para o nosso projecto, e ser reconhecido como parceiro do Copernicus ao nível internacional e nacional, No decorrer de 2017, fomos convidados pelos parceiros internacionais a concorrer novamente. Desta vez, ficámos em segundo lugar na “The DLR Environment, Energy & Health Challenge” tendo ganho o primeiro prémio da Comissão Europeia para a área Governamental, o que muito nos honrou”, explica Pedro Caridade, fundador da empresa, ao Jornal Económico.

Já a Deimos foi uma das primeiras startups europeias no sector do Espaço, fundada por 22 engenheiros espaciais de várias nacionalidades. O contacto com a Agencia Espacial Europeia (ESA) iniciou-se com a fundação da empresa. Desde o primeiro dia a empresa forneceu engenharia de ponta às missões espaciais da ESA. Hoje há software da Deimos na NASA. Em Lisboa, a companhia arrancou com um projeto emblemático de desenvolver, em tempo recorde, o sistema de localização da sonda Beagle que chegaria à superfície de Marte no Natal de 2003.
“Este “óscar” foi o mais importante dos Óscares Espaço. Pelo que significa até para a ESA. É a primeira vez que a ESA proporciona um prémio e oferece o lançamento de uma missão. A ESA está a entrar naquilo que se denomina “New Space”, estimulando missões de pequena dimensão, mas muito relevantes do ponto de vista tecnológico que complementam as grandes missões europeias. Para nós é a hipótese de fazer voar uma missão única: a primeira missão federada de 2 nanosatélites, que vai dar dados sobre humidade do solo, gelo, trafego marítimo em toda a europa, e testar em órbita produtos que temos vindo a desenvolver destinados ao mercado global. Os dois satélites serão lançados já em 2019. Vai ser um desafio”, afirma Nuno Ávila, director-geral da Deimos Engenharia em Portugal.

Tecnologia a mudar o mundo
Dois alunos de Engenharia Informática, colegas de carteira no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, desenvolveram uma plataforma que integrava tecnologias de mobilidade e de inteligência artificial para agilizar e automatizar os processos de negócios. “Com know-how de computação inteligente que tirasse partido de redes sem fios e processamento distribuído. Com o advento e expansão da tecnologia dos telemóveis a TEKEVER tirou partido e cresceu em conjunto com este mercado, na altura emergente. Nasce como uma empresa internacional, desenhada para operar num mercado global”, conta Pedro Sinogas, presidente-executivo (CEO) da empresa.
Em 2015 chegaram mais longe do que nunca e fizeram o primeiro lançamento de tecnologia para o espaço. “O lançamento dos três satélites da missão espacial chinesa TW-1 com tecnologia da TEKEVER a bordo foi um dos grandes momentos ao longo destes anos”, confessa o CEO. “É um projeto do qual orgulhamos muito. O TEKEVER GAMALINK permite que os satélites funcionem como uma constelação e que comuniquem entre si, multiplicado as suas capacidades”, acrescenta.

O investimento em investigação e desenvolvimento de produto são as grandes prioridades da companhia desde o nascimento. A empresa tem crescido quer em volume de negócio quer em número de colaboradores nos últimos anos, superando os 42 milhões de euros de faturação no final de 2016 e contando com uma equipa de 270 profissionais. A Agência Espacial Europeia (ESA) e a NASA estão entre os parceiros.

Com seis localizações em Portugal, a empresa conta já com escritórios nos E.U.A., Holanda, Brasil, China, Reino Unido, e Emirados Árabes Unidos. “Queremos criar uma empresa que fique na história por ter feito coisas marcantes no mundo”, conclui o CEO.

Ivo Vieira, da Lusospace, tem vários projetos em curso. O primeiro é a qualificação de um terminal de comunicações ópticas que vai permitir entrar num novo mercado emergente na área do espaço. Este equipamento vai voar em 2018 e será uma primeira prova da viabilidade deste tipo de comunicação. É um projecto estratégico porque vai permitir nos colocar numa posição estratégica impar para criar uma rede óptica espacial que será iniciada na zona do atlântico e se irá extender para outras zonas do globo. “Este tipo de rede é crucial para poder descarregar os dados de satélite de observação da Terra que tem crescido bastante nos últimos anos. O outro projecto é de relevo por ser o maior projecto industrial na área do espaço em Portugal. Trata-se do fornecimento de um OGSE (Optical Ground Support Equipment), um conjunto de instrumentos ópticos que vão permitir testar o telescópio Sentinel 5 da AIRBUS. O valor total do projecto é de quase seis milhões de euros”, diz.

Também a EDISOFT permanece envolvida em projetos conducentes à expansão das capacidades na ilha de Santa Maria, como a instalação de uma estação de recepção de dados da missão EPS-SG da EUMETSAT e a instalação de uma antena de 15 metros para suportar futuras missões cientificas da ESA.

Para além destes projectos, desenvolve uma versão do sistema operativo RTEMS pré-qualificada para utilização em plataformas espaciais, que está já a “voar” nos satélites Galileo FOC (18 Satélites), Sentinel 2, IXV e SmallGEO. Estão já atribuídas várias licenças deste software a missões ainda em desenvolvimento, esperando-se um aumento significativo da presença da empresa, e de Portugal, no Espaço nos próximos anos.

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