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Pablo Forero: “Já estamos a funcionar como uma fintech”

O BPI está a vender uma carteira de crédito de NPE (malparado) no valor de 200 milhões de euros e esperam finalizar até ao fim do ano. O lucro líquido do BPI caiu 63% para 134,5 milhões.
  • Cristina Bernardo
29 Julho 2019, 11h55

O presidente executivo do BPI, Pablo Forero, anunciou, na apresentação de resultados que lançaram a primeira aplicação para smartphone que faz a agregação de saldos e movimentos de contas de outros bancos. “Em breve, vamos poder fazer transferências entre contas dos mesmos titulares para outros bancos. Estamos a funcionar como uma fintech, antes delas”.

O BPI anuncia ainda que os utilizadores regulares de banca digital do BPI sobem 7% num ano, totalizando 645 mil clientes. Só o número de utilizadores da BPI App cresceu 37% para 342 mil clientes.

O BPI investiu 200 milhões nos últimos três anos no desenvolvimento tecnológico e no retalho, revelou o CEO.

Recorde-se que o BPI lançou recentemente um serviço, no âmbito da PSD2, que permite aos clientes do BPI consultarem as suas contas de outros bancos na BPI App (sem colocar código das outras contas). Paralelamente, o BPI continua a introduzir novas opções MBWay na sua app totalmente gratuitas para os Clientes do Banco.

De acordo com os dados do BASEF (particulares), o BPI é líder na penetração do homebanking junto dos particulares. O banco regista um total de 43% de clientes digitais  ativos.

 

Lucros abaixo do ano passado

O BPI anuncia que registou nos seis primeiros meses de 2019 um resultado consolidado positivo de 134,5 milhões de euros, ressalvando que na comparação com o semestre homólogo de 2018, deverá ter-se em consideração que a evolução do resultado consolidado (-63%) é muito influenciada por impactos positivos extraordinários registados no 1º semestre de 2018 (+118 milhões, essencialmente ganhos com a venda de participações) e que não se repetiram em 2019, e pela alteração da classificação contabilística do Banco Fomento Angola no final de 2018, pelo que o resultado consolidado passa a refletir apenas os dividendos do BFA.

O contributo do BFA para o lucro consolidado no semestre 2019 ascendeu a 38,1 milhões de euros, refletindo os dividendos líquidos relativos ao exercício de 2018, atribuídos ao BPI. Quanto à participação financeira do BPI em Moçambique, o BCI gerou um contributo positivo de 9,5 milhões de euros no 1º semestre de 2019.

O lucro líquido recorrente da atividade do BPI registada em Portugal alcançou os 86,9 milhões de euros, o que corresponde a uma redução homóloga de 17% muito explicada por imparidades de 11 milhões em fundos de recuperação e redução em 5  milhões dos lucros em operações financeiras e outros proveitos.

Ao nível do balanço, os depósitos de clientes aumentam 1.084 milhões de euros (+5,1% face a dezembro de 2018) no 1º semestre de 2019; e a carteira de crédito a empresas cresceu 6,8% face ao período homólogo. Destaque aqui para o reforço da quota de mercado para 10% (abril de 2019). Já a produção de crédito hipotecário cresce 26% no trimestre.

“O dinamismo da atividade comercial do BPI no mercado doméstico está refletido no aumento de 905 milhões de euros (+2,7% desde janeiro até junho) dos recursos totais de clientes, que incluem recursos com registo fora do balanço, totalizando 34.100 milhões. no final de junho deste ano”, diz o BPI.

Os depósitos de clientes aumentaram 1.084 milhões de euros para 22.192 milhões de euros (+5,1% nos seis meses). “Os depósitos representam 74% do ativo e constituem a principal fonte de financiamento do balanço, que apresenta uma estrutura de financiamento equilibrada e uma liquidez confortável. Os seguros de capitalização também registaram um crescimento significativo, com uma subida de 5,7% desde o início do ano”, acrescenta o banco.

No que toca ao crédito, a  carteira total de crédito a clientes (bruto) aumentou 336 milhões de euros no semestre ou seja subiu 1,4% desde janeiro a junho, para 23.823 milhões de euros.

O volume total de crédito a empresas em Portugal registou um crescimento de 6,8% face a junho de 2018 para 9.424 milhões de euros A variação da carteira líquida de crédito às empresas ascendeu a 13 milhões de euros neste primeiro semestre (+1,5% de janeiro a junho). A quota de mercado de crédito às empresas continuou a subir, cifrando-se em 10% em abril deste ano.

A contratação de novo crédito hipotecário ascendeu a 292 milhões de euros no 2o trimestre 2019, o que reflete um crescimento de 26% face ao primeiro trimestre deste ano. A carteira de crédito hipotecário manteve-se relativamente estável no 1º semestre de 2019 (-0,5% nos seis meses) totalizando 11.112 milhões de euros em junho de 2019. A quota de mercado do BPI
neste segmento está nos 11,4% em abril.

A carteira de crédito ao consumo cresceu 7,5% face a dezembro de 2018, alcançando 1.491 milhões de euros. A contratação de novo crédito ao consumo registou uma subida de +17% no segundo trimestre, face ao trimestre anterior.

Nos resultados, a margem financeira sobe 3,7% num ano para 214,8 milhões de euros, apoiada pelo crescimento da carteira de crédito total.

As receitas de comissões líquidas desceram 7,4 milhões face ao período homólogo para 127,2 milhões, “uma vez que já não beneficiam do contributo dos negócios de cartões, acquiring e banca de investimento alienados em 2018″, diz o BPI que ressalva que em base comparável, as comissões aumentam (perímetro comparável) em 10,6 milhões (+9,1% face a junho do ano passado).

O BPI afirma-se como o banco com a melhor qualidade de risco de crédito em Portugal. O rácio NPE é de de 3,3% em junho de 2019 (face a 3,5% em dezembro de 2018) e a cobertura de NPE por imparidades e colaterais está nos 126%.

 

BPI vende 200 milhões de malparado

O BPI anunciou que vai vender até ao fim do ano, uma carteira de 200 milhões de crédito malparado (NPE).

A elevada qualidade da carteira de crédito permitiu, no 1º semestre de 2019, reversões de imparidades de crédito de 4,9 milhões de euros e a recuperação de 5,9 milhões de créditos anteriormente abatidos ao ativo.

Assim, o custo do risco de crédito, medido pelas imparidades líquidas de recuperações de crédito anteriormente abatido ao ativo, foi de -11 milhões (-0,09% da carteira de crédito, em termos anualizados) na primeira metade de 2019.

O BPI apresenta um rácio de capital core (CET1) de 13,4% e um rácio de capital total de 15,2%.  O que inclui o resultado do 1º semestre deduzido do dividendo, de acordo com o limite superior da política de dividendos, sujeito à aprovação pela entidade de supervisão.

Já o rácio de eficiência compara mal com os seus pares pois é de 61%. Nos custos de estrutura recorrentes, o BPI regista um aumento de 4,6% anual, justificado pela execução do plano de investimentos previsto, nomeadamente na área tecnológica. Por seu turno os custos com pessoal sobem 2,5% num ano.

A evolução das receitas e dos custos permitiu que o rácio de eficiência tenha melhorado 8,3 pontos percentuais desde dezembro de 2016 e que se situe atualmente em 61%. O BPI prevê atingir um cost-to-income próximo de 50% em 2021.

Em junho de 2019, o Banco BPI contava com 4.830 colaboradores, uma redução de 58 colaboradores face a dezembro de 2018.

No final de junho, o BPI contava com 486 unidades comerciais, entre balcões (412), centros premier (37), 1 balcão móvel e centros de empresas (36).

Os ratings da filial do CaixaBank em Portugal apresentam a melhor avaliação individual de solidez financeira e rating de depósitos em Portugal, atribuídos pela Moody’s.

A dívida de longo prazo do BPI foi classificada no segundo nível de “grau de investimento” (BBB) pela Fitch e Standard & Poors.

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