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Pablo Forero: “redução de impostos é mais eficaz para estimular a economia”

O CEO do BPI, Pablo Forero, defendeu que a redução dos impostos “é mais eficaz” para estimular a economia, numa altura em que a economia europeia dá sinais de abrandamento, num debate que juntou os principais banqueiros do mercado português.
  • Money Conference
22 Novembro 2019, 11h35

O banqueiro espanhol falava no debate da “Money Conference”, um evento organizado pelo Dinheiro Vivo, TSF e EY que se realizou esta manhã, em Lisboa. Questionado sobre a capacidade do país em fazer face a um período de arrefecimento económico, Pablo Forero disse que Portugal pode fazê-lo de “forma muito mais tranquila”.

Além disso, o CEO do BPI explicou que se pode estimular a economia por uma de duas vias. “Há possibilidades de fazer gasto público ou diminuir os impostos”, referiu Pablo Forero. “Estas são as maneiras de injetar dinheiro na economia”.

Desafiado a decidir por uma das duas alternativas, Pablo Forero referiu que a “experiência internacional” demonstra que “a redução de impostos é mais eficaz”.

Já Paulo Macedo, CEO da Caixa Geral de Depósitos (CGD) disse que, apesar de alguma redução do crescimento da economia, “, estamos muito longe de um cenário de recessão”. “Não deixa de ser positivo, mas está abaixo daquilo que todos gostávamos”, vincou o CEO do banco público.

O CEO da CGD salientou que se as taxas de juro se mantiverem negativas, terão impacto na margem financeira. “Nunca ninguém geriu bancos com taxas de juro negativas por um período de tempo tão longo”, disse Paulo Macedo, reforçando que em 2020 a Caixa vai entregar o plano estratégico.

Por sua vez, Miguel Maya, CEO do Millennium bcp, identificou a produtividade como “o grande desafio” para o país. “A produtividade assenta na valorização dos recursos na ambição das pessoas e na preparação das pessoas para uma economia aberta”, defendeu o CEO do BCP.

“Ter empresas competitivas no espaço global é fundamental. É preciso maior concorrência e aceitar que por trás de uma economia competitiva estão as empresas em ambiente de concorrência”, salientou Miguel Maya.

Depois, Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Totta, destacou a importância da estabilidade política para a economia. “Vemos os resultados do que é ter estabilidade política, por exemplo no spread a dez anos versus Espanha”, explicou Pedro Castro e Almeida, que abordou ainda mais pontos relevantes para resiliência da economia nacional.

“Contas públicas equilibradas e ter a nossa divida no sentido descendente” são ingredientes para estabilidade económica, como a “estabilidade fiscal”. “Falar sobre medidas [fiscais] tem um impacto enorme em projetos de investimento”, referiu o CEO do Santander, para quem é crucial aliviar a burocracia para atrair empresas estrangeiras. “Falamos com imensas empresas estrangeiras que querem vir para cá, é um terror”, referindo-se às licenças camarárias, por exemplo.

O CEO do BCP, Miguel Maya, abordou depois a questão do capital dos bancos. “É um tema de resiliência”, disse. “Mas quando falamos no capital dos bancos portugueses é preciso perceber que o rácio tem um numerador e um denominador. Tem o capital e os ativos que o banco tem no balanço. E os ativos que o banco tem no balanço são ponderados pelo risco e a ponderação média em Portugal está acima dos 55%. Na Alemanha é 25% e em Espanha é 40%”, explicou Miguel Maya, para ilustrar como o estado da economia tem impacto no capital dos bancos.

“Só o simples efeito da normalização da situação económica – e partindo do principio de que os nossos ativos têm uma ponderação semelhante à da média europeia – aquilo que é apresentado como uma fragilidade, com a normalização da ponderação dos ativos a banca portuguesa vai beneficiar bastante”, referiu Miguel Maya.

O CEO do BCP abordou ainda o tema da eficiência da banca nacional, um tema “mais importante do que o tema dos NPEs” (sigla inglesa, non performing exposures).

“Quando comparamos o trabalho feito pela banca portuguesa com a banca europeia, o que nós vemos os bancos portugueses são hoje dos mais eficientes da União Europeia. Isto tem a ver com a sustentabilidade futura. Não nos forcem a passar valor para fora do sistema. Tendo o nível de provisão correto, o rácio de NPL a ter em conta é o líquido de imparidades e não o bruto de imparidades. Não faz sentido nenhum olhar para o rácio bruto [quando se fala em metas]. É uma transposição de valor para fora do setor”, concluiu.

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