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Paciência deverá continuar a ser a virtude preferida da Reserva Federal

Reserva federal norte-americana deverá manter inalterada a ‘federal funds rate’ fixada num intervalo entre 2,25% e 2,50%. Jerome Powell tem-se mostrado “paciente” sobre um ajustamento das taxas de juro, mas poderá haver novidades sobre as projeções económicas.
20 Março 2019, 09h30

A paciência tem sido a palavra de ordem no rumo da política monetária norte-americana e Jerome Powell deverá anunciar esta quarta-feira, após a reunião de dois dias do Federal Open Market Committee (FOMC), que a taxa de juro diretora vai permanecer inalterada.

Na reunião de janeiro, o banco central norte-americano manteve a federal funds rate fixada num intervalo entre 2,25% e 2,50%. No entanto, a Fed alterou nessa altura a posição em relação ao percurso dos aumentos das taxas de juro dizendo que irá ser paciente, devido aos desenvolvimentos económicos e financeiros, quando anteriormente apontava para aumentos graduais.

Nesse sentido, mais até que a decisão sobre a taxa de juro, os analistas irão estar atentos às novas projeções económicas que o banco central irá divulgar.

Franck Dixmier, analista da Global Head of Fixed Income da Allianz Global Investors assinala que Jerome Powell, levantou o véu sobre a abordagem à política monetária desta reunião numa entrevista recente ao ‘60 Minutos’. “Durante a entrevista, Powell indicou claramente que considera a atual política de taxas de juros da Fed apropriada, dados os baixos níveis de inflação de hoje nos EUA, e que não vê urgência em ajustar as taxas de juro”, refere.

O analista sublinha que o banco central tem alcançado os objetivos como o pleno emprego e a estabilidade de preços e que a meta da inflação de cerca de 2% foi praticamente atingida, com o PCE (despesas de consumo pessoal) nos 1,94%, o PCE-base (indicador preferido do Fed) em 1,9% e o IPC (índice de preços ao consumidor) nos 2,2%.

“Em conjunto, estes indicadores apoiam totalmente uma pausa na estratégia de aumento dos juros da Fed, apesar do crescimento salarial de 3,4% face ao ano anterior – o nível mais alto desde 2009”, realça.

“No entanto, a Fed tem vindo a debater há algum tempo uma nova abordagem para a inflação. Isso implicaria orientar a sua política monetária segundo uma taxa média de inflação, condescendendo os momentos em que supera temporariamente a meta dos 2% como forma de compensar os tempos em que ultrapassa essa meta”, salienta.

É neste sentido que James Knightley, chief international economist do banco de investimento holandês ING, destaca que a única alteração substancial que poderá ocorrer poderá ser um conjunto de previsões mais cauteloso para o intervalo da federal funds rate.

“Em vez de sinalizar dois aumentos de taxas este ano e um em 2020, achamos que optarão por apenas uma subida em 2019 com mais uma em 2020”, refere.

Franck Dixmier destaca que “embora a Fed esteja a tentar ser mais flexível do que nunca na forma como conduz a política monetária, não podemos descartar a possibilidade de um aumento dos juros no final de 2019, se a inflação aumentar ou os riscos recuarem”.

“Este é o nosso cenário-base de análise. É igualmente uma fonte de fragilidade para o mercado de títulos dos EUA, que continua a antecipar um corte real de juros pela Fed em 2020, em vez da sua subida”, conclui.

 

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