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Pai de Sophia antevê reconhecimento de direitos dos robôs logo que aumentem grau de autonomia

Debate acerca dos direitos que máquinas dotadas de inteligência artificial devem ter não chegou a consensos. Mas Ben Goertzel, que esteve na Hanson Robotics antes de criar a SingularityNET adverte que robôs inteligentes estarão tão interessados em obedecer às nossas leis quanto os humanos estão em obedecer a chimpanzés.
6 Novembro 2019, 13h39

O fundador e CEO da SingularityNET, Ben Goertzel, prevê que alguns países possam vir a reconhecer direitos aos robôs “nos próximos cinco a 15 anos”, dependendo do grau de inteligência e de autonomia que essas máquinas dotadas de Inteligência Artificial venham a ter. O “pai” da robô Sophia apontou o exemplo de países que já demonstraram abertura para dar esse passo, como Malta e a Coreia do Sul, mas admitiu que a sua criação mais famosa, na altura em que trabalhava para a Hanson Robotics, ainda não se encontra no patamar que será necessário.

No debate “Should Robots Have Rights?”, que juntou o criador de robôs a Fouzia Adjailia, do departamento de Cibernética e Inteligência Artificial da Universidade do Kansas, e aos professores de Filosofia John Basl e Steve Peterson, Ben Goertzel apresentou como exemplo da dificuldade de atribuir determinados direitos a máquinas um cenário em que “quem imprimisse três milhões de robôs poderia depois dominar todas as eleições”.

Fouzia Adjailia recordou que aos robôs com autonomia e inteligência artificial continuará a faltar algo muito importante. “A Inteligência Artificial não tem emoções nem consciência”, salientou, ressalvando que não se deve misturar Direitos Humanos com Direitos das Máquinas que vai para lá do direito a que os seus utilizadores os utilizem corretamente e lhes forneçam energia.

Perante as reservas dos outros participantes no debate, Ben Goertzel disse que “robôs inteligentes vão querer obedecer às nossas leis tanto quanto os humanos obedecem às leis dos chimpanzés”, advertindo que  quando “a inteligência deles for o dobro ou o triplo da inteligência dos humanos o equilíbrio entre uns e outros poderá mudar”.

Para o filósofo Steve Peterson esse é um sinal de que se os robôs “não forem concebidos com um conjunto certo de valores poderemos estar em perigo”, ao que o também filósofo John Basl acrescentou que “talvez os robôs tenham que ter obrigações antes de terem direitos”.

Fouzia Adjailia defendeu que “ainda estamos muito longe do momento” em que será necessário reconhecer direitos aos robôs dotados de inteligência artificial, mas mais uma vez coube a Ben Goertzel alertar que “alguns países podem reconhecer direitos prematuramente”, ainda que a verdadeira medida seja, em sua opinião, a seguinte: “Vai acontecer quando os líderes e os povos humanos chegarem à conclusão que traz mais problemas não dar direitos do que dar.”

Algo que o “pai” da robô Sophia recordou já ter acontecidos, noutras ocasiões e com outros protagonistas, na História da Humanidade.

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