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“País precisa que banca cumpra o seu papel no desenvolvimento da atividade económica”, diz PCP

Os comunistas consideram “inaceitável” que os bancos tenham lucros “em nome da ajuda à economia nacional” e apela ao Governo a tomar medidas em vez de “ficar à espera e dependente da vontade dos banqueiros”. 
  • Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP
7 Abril 2020, 12h10

O Partido Comunista (PCP) considera que a banca tem de fazer mais pelo desenvolvimento económico do país e ser colocada “verdadeiramente ao serviço do país”. Os comunistas consideram “inaceitável” que os bancos tenham lucros “em nome da ajuda à economia nacional” e apela ao Governo a tomar medidas em vez de “ficar à espera e dependente da vontade dos banqueiros”.

“Não basta impedir que sejam distribuídos dividendos à banca ou aos grupos económicos. As necessidades do povo e do país vão muito além disso. O país precisa que a banca cumpra o seu papel no desenvolvimento da atividade económica. Sem ganhos por via da intermediação dos apoios públicos, com rapidez e prontidão, priorizando as micro, pequenas e médias empresas e não os grupos económicos”, defendeu Vasco Cordeiro, membro da comissão política do comité central do PCP.

A reação do comité central do PCP surge depois de, no encontro desta segunda-feira com os banqueiros, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dito que há “grande mobilização” por parte das instituições bancárias para “ajudar a economia” e que os bancos estão a tomar “iniciativas próprias, completando as medidas aprovadas pelo Governo”, devem apresentar “sugestões concretas” nos próximos dias.

Os comunistas têm reservas em relação a esse compromisso da banca e dizem o partido que “não acompanha a avaliação que o Presidente da República transmitiu ao país”. O PCP lembra que, durante “anos e anos”, foram “mobilizados mais de 20 mil milhões de euros de recursos públicos para tapar os buracos provocados pela especulação, pela gestão danosa e fraudulenta na banca, e que o povo português pagou e continua a pagar”.

Segundo o PCP, “impõe-se interromper a política de favorecimento deste setor monopolista e colocar a banca verdadeiramente ao serviço do país em vez de ficar à espera e dependente da vontade dos banqueiros”. O partido liderado por Jerónimo de Sousa diz ainda que é “inaceitável” que a banca procure, “em nome da ajuda à economia nacional, uma nova forma de branqueamento e de financiamento de lucros presentes e futuros”.

“Não é com spreads e taxas de juro de 3% e 4% como as que estão a ser propostas, não é com comissões bancárias que continuam a multiplicar-se e a reinventar-se, não é com os limites e processos burocráticos na concessão de crédito que excluem milhares de MPME [micro, pequenas e médias empresas], que se apoia e ajuda a economia”, sublinham os comunistas, apelando a uma “intermediação dos apoios públicos” sem custos adicionais.

O PCP insiste ainda que a atual situação pela qual o país atravessa “coloca ainda mais em evidência a necessidade de o país recuperar o controlo público sobre este setor estratégico da economia nacional, colocando-o ao serviço do seu desenvolvimento, afirmando-se como fator de promoção do progresso e da soberania nacional”.

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