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Pandemia quebrou dois mitos: mercado está digitalizado e há investimento sempre disponível, dizem empresários e investidores

Estuda da consultora Beta-i concluiu que, para mais de um terço dos empreendedores, a principal inquietação é a criação de novos serviços e produtos digitais relevantes.
17 Setembro 2020, 14h38

A maioria dos empreendedores, gestores de grandes empresas e investidores (56,9%) acredita a pandemia veio demonstrar que a ideia de que a transformação digital é uma realidade e a sociedade está digitalizada não passa de um “mito”. A conclusão é de um estudo da consultora de inovação Beta-i, designado “Learnings in times of a pandemic – A quick poll on personal mindset changes” e publicado esta quinta-feira.

Mais de um terço (31%) admite que há outra crença que caiu por terra (ou por vírus): a de que o investimento de capital está sempre disponível para modelos de negócios novos e validados. Depois de ultrapassada a crise sanitária, metade (50%) dos participantes na análise antecipa que as relações B2B (Business-to-Business) entre empresas, fornecedores e investidores passarão a considerar novos fatores ambientais e sociais – ESG – nos processos de compra e investimento. Ademais, 36,2% prevê que o consumidor irá tornar-se cada vez mais atento à forma como as empresas produzem e desenvolvem o seu negócio.

Questionados sobre qual a principal preocupação em termos de desempenho do negócio com este gradual retorno ao “normal”, 34,5% dos inquiridos admitiram estar receosos por as vendas não serem as mesmas do que antes do surto ou por, mesmo que recuperarem, têm de reinventar o seu negócio principal.

No entanto, uma percentagem significativa (39,7%) dos participantes referiu que a inquietação está em torno da criação de novos serviços e produtos digitais relevantes; melhores ferramentas para os vender; a pobreza transversal criada pelo lockdown; menos financiamento disponível; não aprender o suficiente com esta oportunidade como sociedade e as restrições a viagens de negócios.

A Beta-i considera que a reinvenção tecnológica é “inevitável” durante o processo de desconfinamento e de retoma da atividade económica. “Nos últimos anos, a digitalização tem sido um hot topic, mas será que o mercado sabia verdadeiramente que processos implicava? A Covid-19 veio assim provar que muitos de nós não estavam devidamente preparados para enfrentar um shutdown sem precedentes”, afirma o cofundador e CEO da consultora, Pedro Rocha Vieira.

O inquérito, realizado entre os meses de maio e junho, contou com a  participação de 58 agentes do ecossistema empreendedor, entre os quais incluindo fundadores de startups, CEO e diretores de grandes empresas, investidores e think tanks com escritórios em Portugal e em países como Áustria, Bélgica, Brasil, República Checa, Dinamarca, Finlândia, França, Líbano, Espanha, Turquia, Estados Unidos da América ou Itália.

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