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Parlamento decide hoje se vai ouvir diretora-adjunta de informação e diretor de programas da RTP sobre reportagem do lítio

Por entender ser necessários mais esclarecimentos, o grupo parlamentar do PSD submete esta quarta-feira para apreciação e votação o requerimento para “audição urgente” de mais funcionários da direção da RTP, bem como da comissão de trabalhadores.
11 Dezembro 2019, 07h42

A Assembleia da República vai decidir esta quarta-feira, 11 de dezembro, se chamará ao Parlamento a diretora-adjunta de informação da RTP, Cândida Pinto, o diretor de programas da RTP, José Fragoso, e a comissão de trabalhadores da estação de radiotelevisão pública, para reunir mais informação sobre a decisão do canal em adiar a emissão do programa Sexta às 9. Em causa está a transmissão da reportagem que veio a expor irregularidades no processo de concessão da exploração de lítio em Montalegre, que deveria ter ido para o ar em 13 de setembro, mas por decisão da direção de informação só foi transmitido no dia 11 de outubro – a semana seguinte às eleições.

O presidente da RTP, Gonçalo Reis, bem como a diretora de informação da estação, Maria Flor Pedroso, e a jornalista e coordenadora do “Sexta às 9”, Sandra Felgueiras, foram ouvidos pela comissão de Cultura e Comunicação no dia 4 de dezembro. Contudo, por entender ser necessário mais esclarecimentos, o grupo parlamentar do PSD submete hoje para apreciação e votação o requerimento para audição urgente de mais funcionários da direção da RTP.

Na primeira audição sobre o polémico adiamento da emissão do Sexta às 9, tornou-se clara e visível uma divergência de posições entre a direção de informação do canal público e a coordenação do “Sexta às 9”, por causa dos motivos que levaram à suspensão do programa em plena campanha eleitoral. Contudo, Gonçalo Reis garantiu manter a sua confiança na atual direção de informação da RTP e na jornalista Sandra Felgueiras, coordenadora do programa em causa.

No Parlamento, Sandra Felgueiras deu a entender que o programa não foi transmitido porque a direção de informação da RTP não quis emitir o programa incómodo para o Governo em época eleitoral. “Se me perguntam diretamente se era possível fazer o programa Sexta às 9 durante o mês de setembro, a minha resposta é ‘sim, era possível com o lítio'”, disse então Sandra Felgueiras.

A jornalista da estação pública explicou que na direção de informação da RTP comunica com Maria Flor Pedroso (diretora) e Cândida Pinto (diretora-adjunta), reportando semanalmente à diretora-adjunta “tudo” o que faz e o que tem “em linha de vista”. “Eu comuniquei naturalmente à Cândida Pinto em julho que este [o lítio] seria o tema de andamento e de prossecução. Objetivamente, a reportagem que iria ser emitida dia 13 de setembro era a reportagem do lítio, era isto que estava previsto”, detalhou.

“Foi-me dito que iria haver ajustes em função da campanha eleitoral. O que eu reparo e que vejo é que de facto os ajustes que houve foi apenas no dia 06 [de setembro]. No dia 13 não houve nada, no dia 28 houve um programa Eu, cidadão, curiosamente feito por Cândida Pinto, dia 26 não houve nenhum especial sobre Tancos apesar de o programa Sexta às 9 ter sido o amplo difusor de um caso que o Ministério Público acabou por confirmar em acusação pública”, detalhou a jornalista.

Depois de Sandra Felgueiras, os deputados ouviram a diretora de informação da RTP, Maria Flor Pedroso, que rejeitou a ideia de suspensão ou de qualquer interferência do Governo e justificou a alteração na programação da RTP com a programação eleitoral e, também, por não ter sido dito que havia notícia.

“Eu trabalho em jornalismo há 26 anos. Isto são as chamadas pressões. O jornalismo político é um jornalismo em que nós somos pressionados constantemente por fontes várias. Interferência? Seria coisa que eu jamais toleraria. Eu e a equipa que dirijo”, disse Maria Flor Pedroso.

https://jornaleconomico.pt/noticias/reportagem-sobre-litio-divide-direcao-de-informacao-da-rtp-e-sandra-felgueiras-521387

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