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Partido a partido, o que fica das eleições autárquicas

Duas vitórias históricas, dois desaires e um empate.
2 Outubro 2017, 07h15

PS ganha Lisboa e a maioria das câmaras

O Partido Socialista conseguiu o maior número de presidências de Câmaras Municipais e reforçou o resultado conseguido em 2013, quando conquistou 150 municípios (um deles em coligação, no Funchal).

À meia noite, o PS tinha 134 presidentes de câmara eleitos, quando estavam apuradas as lideranças de 249 executivos camarários, segundo os resultados oficiais das autárquicas de domingo.

Entre as principais câmaras ganhas pelo PS, houve uma surpresa nocturna em Lisboa. Fernando Medina não conseguiu a maioria absoluta e vai ter de negociar uma coligação para governar.

António Costa, contudo, realçou antes ue os resultados destas eleições reforçam não apenas o partido mas também “o ciclo de maioria parlamentar iniciado há dois anos”, em que o PS chegou ao governo com um acordo com Bloco de Esquerda, PCP e Verdes.

 

PSD com derrota “pesada”

À meia-noite, com resultados apurados em 249 municípios, o PSD tinha garantido apenas 65 presidentes de câmara eleitos, a que somavam coligações PSD/CDS noutros 10.

Em Lisboa e no Porto, as derrotas são humilhantes. Na capital, chegou a temer-se que ficasse em quarto lugar, perdendo para o CDS e para a CDU. Afinal, Teresa Leal Coelho só foi ultrapassa pelo CDS. No Porto, o PSD consegue apenas um mandato.

Passos Coelho assumiu que se trata de “um dos piores resultados de sempre do PSD” e que, apesar de estas serem eleições locais, permitem uma leitura nacional. “É um resultado muito pesado para o PSD e eu não gosto de fugir às minhas responsabilidades”, disse.

Por isso, diz que a comissão política do partido vai analisar, na terça-feira, os resultadso eleitorais e ele próprio vai reflectir sobre se interessa ao partido manter ou não a mesma estratégia que o trouxe até aqui.

“Não me demito esta noite, nem amanhã, nem depois de amanha. Não vou apresentar a minha demissão pelos resultados autárquicos. Vou avaliar se faz sentido ou não submeter-me a um novo mandato dentro do PSD”, disse.

 

Cristas com resultado histórico

O CDS não tem uma grande implantação autárquica – até à meia-noite conquistou apenas seis presidências de câmara – mas a candidatura da líder do partido à câmara de Lisboa é um pequeno terramoto político à direita. Ficou em segundo lugar, à frente de Leal Coelho, e terá conquistado mais do dobro da votação conseguida pelo ex-líder Paulo Portas, quando foi candidato a Lisboa.

O tom, depois de conhecidas as primeiras projecções que apontavam para um “resultado histórico” foi de ambição: “Sei que muitos dos eleitores que votaram no CDS fizeram-no pela primeira vez, sejam, por isso, muito bem-vindos. Nós vamos responder às vossas expectativas e devolver em dobro”.

 

Desaire eleitoral para o PCP

A CDU perdeu pelo menos 10 presidências de câmaras municipais, sobretudo para o PS. A perda dos comunistas ocorre em câmaras importantes, como Almada ou Barreiro, e no Alentejo, onde existe uma forte implantação histórica do PCP.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, reagiu à perda de autarquias comunistas ao alertar que os eleitores “não demorarão a perceber o quão errada foi essa decisão”.

O líder comunista defendeu que, ainda assim, os resultados permitem confirmar a CDU “como grande força de esquerda no poder local” e a “manutenção da presença em todo o território.

 

Bloco consegue um vereador em Lisboa

Sem relevância em termos autárquicos, o Bloco de Esquerda congratulou-se com  a eleição de vereadores em Abrantes e em Lisboa.

“A eleição do Ricardo Robles é a prova que o BE pode eleger quem trabalha todos os dias em nome da sua cidade, em nome da sua gente. É a garantia de um vereador de esquerda a tempo inteiro na Câmara Municipal de Lisboa”, afirmou a líder, Catarina Martins, que assumiu também que houve objectivos que não foram alcançados, nomeadamente o não ter conseguido impedir as maiorias absolutas.

“Tudo indica que nestas eleições teremos mais maiorias absolutas por todo o país. Tudo indica que esse objetivo não foi alcançado. Temos de trabalhar mais”.

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