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Partidos da oposição em Cabo Verde contestam meta de turistas

PAICV e UCID consideram que a meta de um milhão de turistas até 2021 não é ambiciosa, tendo em conta a potencialidades do país no setor.
27 Junho 2019, 08h00

Os partidos da oposição PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde) e UCID (União Cabo-verdiana Independente e Democrática) consideram que a meta de um milhão de turistas até 2021 não é ambiciosa, tendo em conta a potencialidades do país no setor do turismo. “O turismo e os seus impactos no desenvolvimento do país” foi tema proposto pelo PAICV para o debate mensal com o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva.

Durante o debate a deputada e líder do partido, Janira Hopffer Almada, apontou alguns desafios e constrangimentos no setor do turismo no país, com destaque para os acessos. E questionou o executivo sobre como tenciona atingir a meta de um milhão de turistas se a oferta de voos entre os principais mercados de voos é dominado por duas ou três companhias ‘charters’, essencialmente para as ilhas do Sal e da Boavista. “Como, se o transporte interilhas – agora em monopólio [da Binter Cabo Verde] – é insuficiente, ineficaz e pouco previsível, e os preços das passagens são tendencialmente elevados?”, perguntou a líder partidária ao governo.

A deputada classificou ainda de “constrangimento crítico” a concentração da oferta hoteleira em duas ilhas e numa tipologia, sol e praia. “Se queremos apostar seriamente no desenvolvimento do turismo, temos que enfrentar, com determinação, os desafios da diversificação da oferta, do aproveitamento das potencialidades de cada ilha, da potencialização de cada recanto do país, da inserção dos cabo-verdianos nesta cadeia de produção de valores e da projeção de outros setores com efeitos diretos na vida das pessoas”, apontou a líder do maior partido da oposição cabo-verdiana.

Janira Hopffer Almada elencou realizações feitas pelo anterior executivo, nomeadamente no domínio da produção da água e da energia e “qualificação” dos recursos humanos em ordem a ter Cabo Verde como destino turístico. E lembrou que em 2000, altura em que o PAICV voltou ao poder, o país dispunha de 88 estabelecimentos hoteleiros passando, em 2016, para 233 unidades.

“Passámos de 145.076 entradas em 2000, para 650.000, em 2016”, apontou a deputada da oposição, acrescentando que o país passou de 2.391 quartos para 11 mil. Foram lançadas bases sólidas que demonstram, na prática, com números, de que o caminho escolhido era o adequado”, lançou a parlamentar, lembrando que a meta do Governo do PAICV era no sentido de, até 2021, o país atingir um milhão e 200 mil turistas.

Para Janira Hopffer Almada, depois de três anos, o Governo prefere “esconder-se na propaganda” e não começa a trabalhar para resolver os “constrangimentos nos acessos”.

O deputado e presidente da UCID, António Monteiro, disse que o setor do turismo “não vai bem quando ainda há dificuldades de se chegar a muitas ilhas e defendeu que falar do turismo no país implica falar dos transportes aéreos e marítimos para além do Sal e da Boavista, as duas ilhas que recebem o maior número de turistas no arquipélago.

O deputado e presidente da UCID considerou que a meta de um milhão de turistas em 2021 é “muito fraca e minguada” e que o país tem condições para ultrapassar essa barreira, bastando investir mais, por exemplo em grandes hotéis.

Em defesa do governo o líder da bancada parlamentar do MPD, Rui Figueiredo, defendeu que em matéria do turismo o governo não está a fazer mera gestão corrente da herança deixada pelo governo do PAICV e que o executivo de Ulisses Correia e Silva “mostra-se cada dia que passa empenhado em promover de mãos dadas com o setor privado, políticas consistentes para fazer crescer, acima da média, as receitas por turistas, em relação aos nossos principais concorrentes”.

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