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Paulo Guedes, economista de Bolsonaro, investigado por suspeita de fraude

O Ministério Público Federal brasileiro anunciou hoje que está a investigar o economista Paulo Guedes, próximo de Jair Bolsonaro, sob suspeita de associação a executivos ligados ao PT e ao MDB para prática de negócios fraudulentos com fundos estatais.
  • REUTERS/Diego Vara
10 Outubro 2018, 14h52

Uma investigação criminal, instaurada no dia 2 de outubro, procura apurar se o economista cometeu os crimes de gestão fraudulenta ou temerária. Em seis anos, ele terá captado cerca de 232 milhões de euros a essas entidades, segundo o jornal “Folha de São Paulo”.

Paulo Guedes é o nome escolhido para assumir o Ministério da Economia num eventual Governo de Bolsonaro, o candidato da extrema-direita e que foi o mais votado na primeira volta das eleições presidenciais brasileiras de 07 de outubro, disputando a segunda volta com Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT).

O economista é um dos fundadores do Banco Pactual, um banco de investimento brasileiro, e também um dos fundadores e sócio maioritário do grupo BR investimentos, que faz parte da empresa Bozano Investimentos.

A investigação passa ainda por uma suposta emissão e negociação de títulos sem garantias, e por obter e investir recursos de sete fundos.

Entre as entidades alegadamente envolvidas estão o Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Fundo de pensão brasileiro que gere a previdência complementar dos funcionários da Caixa) e Postalis (Correios), além do BNDESPar — braço de investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social).

As transações começaram em 2009 com executivos indicados pelos dois partidos adversários na corrida presidencial contra Bolsonaro, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), os quais são investigados atualmente por desvio de recursos dos fundos.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), há “relevantes indícios de que, entre fevereiro de 2009 e junho de 2013, diretores ou gestores dos fundos de pensão e da sociedade por ações BNDESPar” se juntaram em consórcio “com o empresário Paulo Roberto Nunes Guedes, controlador do Grupo HSM”.

A intenção, segundo o MPF, seria a de cometer “crimes de gestão fraudulenta de instituições financeiras e emissão e negociação de títulos imobiliários sem garantias”.

Conforme os documentos da investigação, a BR Educacional, a gestora de ativos de Paulo Guedes, lançou em 2009 dois fundos de investimento que receberam, em seis anos, mil milhões de reais, o equivalente a cerca de 232 milhões de euros, provenientes das entidades de seguro social estatais.

Um desses fundos, o Fundo de Investimento em Participações (FIP) BR Educacional, obteve 400 milhões de reais, cerca de 93 milhões de euros, entre 2009 e 2013 para projetos educacionais. A suspeita é que o negócio tenha sido aprovado sem análise adequada e gerado ganhos excessivos para o economista.

“Tanto a gestora do FIP quanto a empresa investida possuem em comum a participação de um mesmo sócio, a saber, Paulo Guedes”, diz o relatório da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar).

Na portaria que instaurou a investigação, a Procuradoria pediu à Polícia Federal que abra um inquérito sobre o caso. Pediu ainda investigações na CGU (Controladoria-Geral da União), no TCU (Tribunal de Contas da União) e na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

O MPF fixou o prazo de dez dias para que os fundos de pensão apresentem cópias dos documentos que alicerçaram o investimento nos fundos criados por Paulo Guedes.

No caso de um Governo liderado por Jair Bolsonaro, o economista Paulo Guedes defende a privatização de empresas estatais para reduzir parte da dívida pública brasileira.brasil

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