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Paulo Macedo espera que novas regras dos bancos sirvam para “aprender a lição”

Numa conferência promovida pela CGD sobre a crise financeira, o presidente executivo do banco disse que os grandes casos dos bancos que faliram assentaram também em questões de ‘governance’.
  • Cristina Bernardo
30 Janeiro 2018, 18h45

O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, defendeu esta terça-feira que as novas regras de governança dos bancos devem servir para “aprender a lição” e para evitar as falências que se verificaram no passado.

Numa conferência promovida pela CGD sobre a crise financeira e que questiona se as lições foram aprendidas, a decorrer em Lisboa, Paulo Macedo disse que os grandes casos dos bancos que faliram assentaram também em questões de ‘governance’ (governança).

Nesse sentido, o presidente do banco público considerou que a crise deixou marcas que definiram o novo ‘status quo’ do setor bancário e que levaram a um maior escrutínio, como as novas regras de escolha de administradores de bancos: “Há um conjunto de regras muito diferentes que espero que contribuam para fazer as coisas de forma diferente e para que as lições sejam aprendidas”.

A forma como os bancos são governados foi uma das causas para a crise dos bancos portugueses nos últimos anos que foram enumeradas pelos intervenientes na conferência.

O professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) Tiago Cardão-Pito recordou o elevado endividamento dos bancos portugueses face ao estrangeiro, ao que se juntou as alterações dos ‘spreads’, no início da crise, mas afirmou que a estas questões se somaram outros dois problemas: a excessiva associação entre políticos e o setor bancário e a baixa experiência de alguns administradores.

Também o professor da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE) Paulo Soares de Pinho considerou que “há um mega problema de ‘governance’ na banca”, embora tenha acrescentado que tal não acontece apenas em Portugal, mas em todo o mundo, e apontando que falta fiscalização nos conselhos de administração e sobre a gestão de conflitos entre gestores e acionistas.

“A banca é o melhor negócio para crescer. O que é difícil é crescer bem. Quando vejo um banco a crescer muito vejo logo que está ali um problema”, considerou.

Paulo Soares de Pinho, que é administrador da Sonae Capital, disse concordar com Paulo Macedo e afirmou que “um problema de fundo [no setor bancário] é a ‘governance'”.

Por sua vez, Nuno Luz de Almeida, que foi administrador do BPN entre 2001 e 2004, concordou com os problemas de governança nos bancos, mas afirmou que além dos administradores “houve um conjunto de atores que tinham intervenção” nos bancos que faliram, como os auditores.

“Prognósticos no final dos jogos são razoavelmente bem conseguidos”, disse.

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