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PCP e BE condenam “golpe de Estado” que motivou demissão de Evo Morales na Bolívia

Comunistas e bloquistas acusam o exército de desrespeitar a vontade popular, atuando à margem da Constituição, e exigem o fim da “perseguição” movida contra as forças políticas, estruturas sindicais e movimentos populares.
12 Novembro 2019, 07h39

O Partido Comunista (PCP) e Bloco de Esquerda (BE) condenam “veementemente” o “golpe de Estado” que levou à demissão do presidente da República da Bolívia, Evo Morales. Os comunistas e bloquistas acusam o exército de desrespeitar a vontade popular, atuando à margem da Constituição, e exigem o fim da “perseguição” movida contra as forças políticas, estruturas sindicais e movimentos populares.

“O golpe de Estado agora consumado na Bolívia nada tem que ver com uma pretensa defesa da democracia, que violentamente desrespeita, antes se insere na ofensiva do imperialismo norte-americano na América Latina, tendo como real objetivo derrotar o processo de afirmação soberana, de progresso económico e social e de emancipação que tem vindo a ter lugar na Bolívia desde 2006”, lê-se num comunicado emitido pelo PCP.

Também o BE repudia a “intervenção golpista” que teve lugar na Bolívia. “É o momento de denunciar o golpe militar na Bolívia onde o Exército impôs a demissão ao presidente Evo Morales e ao vice-presidente [Álvaro García] Liñera. Essa intervenção eufemisticamente designada como ‘sugestão’ dos militares é uma intervenção golpista, à margem do regime constitucional”, nota.

Em causa está a demissão de Evo Morales, após quase 14 anos no poder. O partido liderado por Jerónimo de Sousa lembra que, nas eleições realizadas a 20 de outubro, Evo Morales foi reeleito para um quarto mandato de cinco anos, apesar de a Organização dos Estados Americanos (OEA) ter vindo levantar suspeitas de irregularidades.

O líder sul-americano, eleito pela primeira vez em 2006, já tinha convocado novas eleições, após as recomendações do OEA e a pressão nacional e internacional para repetir o ato eleitoral. Os protestos, paralisações e episódios violentos levaram, no entanto, à sua demissão.

“Responsabilizando os setores golpistas por qualquer atentado contra a integridade física de membros de forças políticas, de estruturas sindicais e de movimentos populares, o PCP condena e exige o fim da perseguição que é movida contra estes”, indicam os comunistas. Já o BE espera que “o Governo português se distancie das autoridades golpistas, fortalecendo as posições democráticas”.

Para os comunistas, as “forças reacionárias e antidemocráticas bolivianas” juntamente com as forças policiais e militares, têm sido “suportadas por inaceitáveis pressões e ingerências externas” para levar a cabo uma “violenta ação terrorista contra os movimentos populares bolivianos, seus dirigentes e responsáveis estatais, apesar dos múltiplos apelos ao diálogo e iniciativas de solução política no marco democrático e constitucional protagonizadas por Evo Morales”.

O PCP reafirma ainda “a solidariedade com as forças populares, progressistas e revolucionárias da Bolívia, com a resistência e luta dos trabalhadores e do povo boliviano”, enquanto o BE “exige o regresso à ordem constitucional e ao quadro democrático”.

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