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Pedro Corte-Real quer vender uma posição minoritária no banco e seguradoras Montepio

Questionado sobre se a venda de uma participação minoritária no Banco Montepio poderia passar pela Bolsa e a que preço esperaria vender uma participação minoritária de um banco da Mutualista, Pedro Corte-Real foi peremptório: “uma solução de mercado não serve. Porque seria o golpe de morte da Mutualista Montepio”.
17 Novembro 2021, 20h07

O líder da lista B, candidata às eleições dos órgãos associativos da Associação Mutualista Montepio Geral para o mandato de 2022 a 2025, propõe como solução para melhorar a situação financeira da mutualista, que diz ser de “agonização”, vender a parceiros uma parte do capital do Banco Montepio e da Montepio Seguros, mantendo na Associação Mutualista o controlo dos dois ativos. “O Banco Montepio pode abrir o seu capital a alguém que não seja da economia social”, disse Pedro Corte-Real que frisou “teremos de encontrar uma solução”.

Questionado sobre se a venda dessa posição minoritária pode passar pela Bolsa e sobre o preço a espera vender uma participação minoritária de um banco da Mutualista, uma vez que o valor do banco no balanço da associação está nos 1,5 mil milhões, já depois de uma imparidade de 875 milhões de euros, Pedro Corte-Real foi peremptório: “uma solução de mercado não serve. Porque seria o golpe de morte da Mutualista Montepio”.

Pedro Corte Real disse que a solução para salvar o mutualismo passa por se “sentar com as autoridades e, se necessário for, olhar para um conjunto de soluções que ajudaram a banca nacional no tempo da troika. Os bancos já pagaram e já voltaram aos lucros”, disse, referindo-se aos empréstimos a juros altos feitos pelo Estado, quando a crise de dívida soberana disparou, através de Contingent Convertible Bond (CoCo). Uma solução que já não está no enquadramento jurídico dos apoios estatais à banca, tendo sido substituído pela diretiva de resolução bancária.

Pedro Corte-Real diz que o Banco Montepio “não tem qualquer problema com os rácios de capital”.

O líder da lista B refere que quer “sentar-se com os responsáveis das subsidiárias da Mutualista e com a tutela para procurar uma solução para a Mutualista”, lembrando que o banco os 2,4 mil milhões de euros dos associados (a que acresce juros, benefícios e serviços) têm de ser devolvidos aos associados.

Pedro Corte-Real é um crítico do facto de o Banco Montepio representar 87% do ativo consolidado da maior associação mutualista do país, porque “desvirtuou completamente o projecto do mutualismo”.

“O banco torna-se um instrumento para servir a associação mutualista e não o contrário”, defende o candidato a presidente da Mutualista Montepio Geral.

“As contas serão transparentes, sem reservas e sem incertezas”, defende Pedro Corte-Real.

“Só com confiança e credibilidade se pode reverter a dramática situação da Montepio Geral Associação Mutualista”, afirmou Pedro Corte Real, candidato a presidente do conselho de administração do Montepio Geral pela Lista B – Reconstruir o Montepio, na apresentação dos candidatos aos órgãos sociais da Montepio Geral Associação Mutualista (MGAM), que integram a mesma lista.

“A nossa Associação Mutualista está numa situação dramática. Se não for rapidamente feita uma inversão ao caminho que tem sido seguido, estará muito em breve numa situação de não ser capaz de responder aos compromissos que assumiu perante os seus associados», alertou Pedro Corte Real.

O candidato que encabeça a Lista B refere que “o total de capitais próprios do Grupo são de 599 milhões negativos em 2018, 656 milhões negativos em 2019 e 794 milhões negativos em 2020”, e recorda que “o valor total dos capitais próprios do Banco Montepio tem vindo igualmente a descer, sendo de 1.517 milhões em 2018, 1.452 milhões em 2019 e 1.327 milhões em 2020; isto ao mesmo tempo que é registado nas contas da Associação por um valor muitíssimo superior, ou seja, a situação real do MGAM é muito pior do que as contas oficiais, já de si más, evidenciam”, salientado ainda que a situação é evidenciada «pelos auditores, nas reservas às contas, que são públicas. São os próprios auditores que registam haver uma ‘incerteza material relacionada com a continuidade’ da instituição”.

“O Montepio é a maior Mutualista do país e é um exemplo histórico do ideal cooperativo e mutualista, onde muitos portugueses se revêm”, disse o líder da lista B que tem João Costa Pinto como candidato à Assembleia de Representantes.

“É gritantemente óbvio que o que acontecer ao Montepio, para o bem e para o mal, será também considerado como exemplo do que serão os destinos do setor mutualista em Portugal. Para avaliarmos a importância do Montepio no País, é preciso situarmos os factos. O Montepio Geral – Associação Mutualista tem cerca de 600 mil associados, o que corresponde a 6% da população portuguesa. Numas eleições legislativas, estes 600 mil mutualistas poderiam eleger 21 deputados, que constituiriam o terceiro maior grupo parlamentar. Seiscentas mil pessoas correspondem a 82% do total de funcionários públicos em Portugal e são um número superior ao dos residentes do concelho de Lisboa”, disse Pedro Corte Real.

“Estamos a falar de uma força social absolutamente ímpar, que merece ser tratada de forma adequada pelo poder político”, frisou.

“Não podemos esquecer-nos que, ao contrário do que tem sido ultimamente dado a entender, o regulador do Montepio Geral – Associação Mutualista é, sempre foi, o Ministério da Segurança Social, ou seja, é o Governo”, atalhou o líder da lista B.

A mudança introduzida com o novo Código das Associações Mutualistas de 2018 ao nível da supervisão contempla um período de transição de 12 anos, dos quais apenas passaram dois. A ASF, que vai regular o setor a partir de 2030, neste momento tem competências apenas residuais.

“Por isso nos temos dirigido a esse poder político e aos reguladores dando conta da situação em que o Montepio se encontra e que poderá conduzir pura e simplesmente ao seu desaparecimento. O alheamento surpreendente que esse poder político tem mostrado só pode querer dizer que não existe diálogo com a atual administração e que, aos seus olhos, esta não merece credibilidade”, refere Pedro Corte Real.

Mas, acrescenta, “o Governo e os reguladores não deixarão de arcar com uma fortíssima responsabilidade quando o desastre for inevitável e se tornar o centro das atenções políticas”.

O alvo das críticas do líder da Lista B, foram os que apelida de “herdeiros” de Tomás Correia, que na sua opinião são Virgílio Lima, líder da lista A, e Pedro Gouveia Alves, líder da lista D. “A herança de Tomás Correia é tão pesada e tão trágica que ambos os cabeças das listas incumbentes se apressaram a desmentir serem apoiados pelo seu mentor”, diz, considerando quer a lista A como a lista D de “incumbentes”.

A Eugénio Rosa aponta a conotação partidária, como fato que não interessa à Mutualista. Em contraponto a lista B é “independentes de ideologias que condicionem a necessária ação de recuperação, tanto à conformidade com os seus dogmas como, pior ainda, aos interesses das organizações que são seus instrumentos”.

Chama a Lista D de “incumbente n.º 2” e critica o facto de se intitular a si própria “lista de quadros”. “Mas quadros de quê e de quem, a começar pelo seu candidato a presidente? Obviamente, quadros de Tomás Correia, que deixou a Associação Mutualista no estado em que está e que está a ser investigado judicialmente e pelos reguladores”.

Pedro Corte-Real diz que “o candidato a presidente desta Lista D é de facto um quadro do Montepio de Tomás Correia e foi um dos seus homens em operações ruinosas como a compra do Finibanco, por exemplo, que deixou um prejuízo de centenas de milhões de euros para o Montepio Geral”.

“A lista A, a incumbente n.º 1, reúne a atual administração que teve como presidente, até ser levado a afastar-se, Tomás Correia, e tem como herança as contas desastrosas dos últimos anos”, diz.

Lembrando que a administração do Montepio, liderada por Virgílio Lima, “viu chumbadas duas versões do Plano de Convergência apresentadas à ASF, o que constitui uma confessa e gritante incompetência”, indigna-se que o atual presidente se candidate a um novo mandato.

“Nos últimos três anos, período em que o atual presidente, agora candidato da Lista A, tem responsabilidades diretas de gestão, o número de associados veio-se afundando, de 612.607 em 2018, para 601.784 em 2019, e 598.438 em 2021. As inscrições em modalidades, ou seja, a subscrição de produtos mutualistas pelos sócios, tem vindo igualmente a descer nos últimos três anos: de 970.125 em 2018 para 951.566 em 2019 e 944.227 em 2020”, apontou

No mesmo período, disse, “o total de capitais próprios do Grupo, sem os famigerados impostos diferidos (DTA), pura cosmética legal, são de 599 milhões negativos em 2018, 656 milhões negativos em 2019 e 794 milhões negativos, sublinho negativos, em 2020”.

O valor total dos capitais próprios do Banco Montepio “tem vindo igualmente a descer, sendo de 1.517 milhões em 2018, 1.452 milhões em 2019 e 1.327 milhões em 2020; isto ao mesmo tempo que é registado nas contas da Associação por um valor muitíssimo superior, ou seja, a situação real do MGAM é muito pior do que as contas oficiais, já de si más, evidenciam”, salientou.

“No período de 2018 a 2020, com esta administração, os capitais próprios consolidados, mesmo incluindo os famigerados DTA, passaram de 260 milhões para 95 milhões, uma redução de 165 milhões, ou seja, perdemos mais de 63% dos capitais próprios do grupo. E tudo isto é evidenciado pelos auditores, nas reservas às contas, que são públicas”, disse.

São os próprios auditores que registam haver uma “incerteza material relacionada com a continuidade” da instituição, afirmou Pedro Corte-Real que conclui “a nossa Associação Mutualista está numa situação dramática”.

O alarme ficou dado: “se não for rapidamente feita uma inversão ao caminho que tem sido seguido, estará muito em breve numa situação de não ser capaz de responder aos compromissos que assumiu perante os seus associados, os quais lhe confiaram as suas poupanças, e perante os seus trabalhadores, que quotidianamente lhe dão o seu esforço”.

Essa inversão implica uma autêntica reconstrução do Montepio “a partir dos cacos em que foi transformado pela ação incompetente, imprevidente, pouco idónea e autoritária das últimas administrações, e só pode ser conduzida por pessoas corajosas, competentes e independentes. É por isso que nos candidatamos”, diz.

“Queremos reposicionar o Montepio, num espírito mutualista, em áreas onde falham as instituições públicas e as empresas privadas:  o suporte personalizado aos associados, com soluções integradoras de vários serviços e de várias entidades, particularmente no domínio da terceira idade”, defendeu Pedro Corte Real.

Na apresentação da candidatura, a lista B escolheu o Hotel Altis em Lisboa. Antes de Pedro Corte Real, João Costa Pinto, primeiro candidato da Lista B para a Assembleia de Representantes, subiu ao palco para  acusar o “silêncio cúmplice de quem tem responsabilidade de tutela do Montepio”, denunciando que “houve quem gerindo o Montepio tenha usado os recursos dos seus associados para um projeto bancário que não tinha nada a ver com os princípios que levaram à criação do Montepio, nem com a defesa dos interesse dos associados, essa aventura trouxe o Montepio à situação atual”. Por fim desafiou “quem tiver dúvidas da situação financeira do Grupo a ler a reserva dos auditores às contas”.

 

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