Este texto foi publicado originalmente no suplemento “Quem é Quem no Setor Financeiro”, que integrou o Jornal Económico de 26 de fevereiro de 2021.

 

Portugal, no quadro dos parceiros europeus, tem um dos regimes mais favoráveis quer em duração, quer em condições de acesso para as moratórias. Nesse contexto, dificilmente será viável uma receita única.

O que é fundamental neste momento é criar um quadro de condições para uma saída ordenada, sobretudo distinguindo liquidez de solvência, evitando um quadro generalizado de incumprimento através da salvaguarda dos casos (ou sectores) onde a viabilidade económica é reconhecida e onde o reforço de medidas de apoio do Estado é um aspecto fundamental. Adicionalmente, quaisquer decisões nesta matéria têm forçosamente de ser vistas à luz do quadro de regulação e supervisão, designadamente no que vier a ser a apreciação da EBA e do BdP.

O traço generalizado do contexto que vivemos é a incerteza. Há contudo uma (boa) expectativa sobre a execução do plano de vacinação, que irá condicionar de forma indelével o comportamento dos agentes económicos. Estou convicto que o ritmo de retoma não será igual em todos os sectores de actividade, pelo que haverá razões para acreditar que a abertura será progressiva ao longo de 2022.

O sistema financeiro português mostra sinais de resiliência, apesar das condições adversas do mercado. Adicionalmente, a regulação europeia criou mecanismos de apoio e flexibilização que têm como objectivo suportar os bancos europeus na travessia desta crise. Adicionalmente, a maioria dos players do sector está a acelerar o que já vinha sendo feito: ajustar a capacidade, rever modelos de negócio e de distribuição e apostar de forma incontornável na eficiência.