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Pedro Nuno Santos fala sobre o ‘tabu’ do TGV

O ministro das Infraestruturas quer uma ligação ferroviária em 1h15m entre Lisboa e o Porto e uma “velocidade boa” na ligação a Madrid. Sobre o aeroporto Humberto Delgado, diz que está perder milhões por dia.
12 Dezembro 2019, 14h44

“Tempo e distância”, “velocidade elevada” ou “velocidade boa” foram as expressões usadas hoje, dia 12 de dezembro, por Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação, para evitar usar a sigla TGV.

Questionado sobre o eventual regresso ao projeto de alta velocidade ferroviária em Portugal, mais conhecido por TGV, durante uma intervenção na 4ª edição do ciclo de palestras sobre ‘Mobilidade – Tendências, Desafios, Realidades, que decorreu hoje em Lisboa, o governante assegurou que esta “não é uma questão de siglas, falemos de tempo”.

Na opinião de Pedro Nuno Santos, nas discussões sobre grandes investimentos públicos em Portugal têm-se cometido diversos erros que impedem o país de se desenvolver.

“Na ferrovia, cometemos também esse tipo de erros. Em toda a nossa malha ferroviária, está incluída a ligação a Espanha. Mas o que verdadeiramente precisamos, o que verdadeiramente pode ser um ‘game changer’ é termos uma ligação entre o Porto e Lisboa em uma hora e quinze minutos. Esta é a ambição que devemos ter”, defende o ministro das Infraestruturas.

De acordo com este responsável, “a linha do Norte é superavitária, assim como a linha de Cascais; na linha do Norte, temos problemas de limpeza, mas a linha está sempre saturada, sempre cheia”.

“Temos a ponte aérea da TAP entre Lisboa e o Porto, mas é preciso recordar que a aviação é a indústria de transportes mais poluidora e que já está a decorrer há algum tempo um debate a nível europeu sobre a necessidade de limitar as ligações aéreas em trajetos até 600 quilómetros”, alerta Pedro Nuno Santos.

O ministro das Infraestruturas acrescentou sobre este tema: “Portanto, o debate que tem de ser feito é sobre o tempo nas distâncias Lisboa-Porto e no Portugal-Madrid, Lisboa-Madrid. Este é um tema que tem de ser discutido com realismo, não é um assunto tabu para nós, não pode ser tabu. E não podemos querer o óptimo, porque começam a nascer linhas TGV para todas as localidades e depois não temos nenhuma. Obviamente, que faz falta uma ligação a Espanha a uma velocidade mais alta. É um debate que temos de fazer porque poderemos ser o único país da União Europeia dentro de poucos anos fora da rede ferroviária com velocidade boa”.

“Os investimentos da ligação da rede ferroviária a Espanha estão a ser feitas, quer no corredor sul, quer no corredor norte, que estão em obras. e são linhas que estão projetadas para andarem a comboios a alta velocidade, assim haja comboios”, relembrou este governante, assinalando que estão em curso investimentos de cerca de dois mil milhões de euros na rede ferroviária nacional até 2023, comparticipados por financiamento dos fundos comunitários.

Criticando o modo de debate político sobre projetos de investimentos em grandes infraestruturas em Portugal, Pedro Nuno Santos revelou ainda que, neste momento, a economia nacional está a perder milhões de euros por dia devido ao fato de o aeroporto Humberto Delgado ter a sua capacidade saturada.

“Devido ao nosso hábito de debate político, perdemos hoje, todos os dias milhões de euros no aeroporto de Lisboa porque não fizemos em tempo aquilo que devia ser feito. O novo aeroporto de Lisboa já é preciso há décadas. Temos lá no ministério 17 localizações estudadas. Nesta área de investimento público em infraestruturas, temos de conseguir o equilíbrio entre a qualidade de vida, a proteção ambiental e a economia do país”, defendeu o ministro das Infraestruturas.

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