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Pedro Nuno Santos: “Não sou primeiro-ministro, não sou eu que decido”

Ministro das Infraestruturas continua a defender que o plano de reestruturação da TAP deveria ser submetido à aprovação dos deputados. E garantiu, em entrevista à SIC, que “partir do princípio de que um ministro, por ser de esquerda, convive com uma empresa pública ineficiente e a dar prejuízo, é uma leitura errada”.
  • Pedro Nuno Santos
12 Dezembro 2020, 00h44

O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, voltou a defender a intenção de condicionar o plano de reestruturação da TAP à aprovação da Assembleia da República, apesar de essa hipótese ter sido posta de parte por António Costa. “Não sou primeiro-ministro, não sou eu que decido”, admitiu nesta noite de sexta-feira, em entrevista à SIC, deixando claro que veria vantagens em “comprometer a maioria do Parlamento com uma decisão” que pode implicar a transferência de mais de três mil milhões de euros do Estado para a transportadora aérea até 2025.

“Devíamos exigir que os partidos assumissem uma posição”, disse Pedro Nuno Santos, que desvalorizou a derrota política que sofreu e afastou o cenário de sair do Governo de António Costa devido à desautorização quanto à gestão política do plano de reestruturação que será negociado com a Comissão Europeia. “Imaginem o que seria se de cada vez que há uma discordância entre ministros e o primeiro-ministro os ministros se demitissem”, comentou.

Assumindo-se como um político que “não é conhecido por necessitar do colinho de terceiros para tomar decisões” e a quem “ninguém vê a falta de coragem como uma das suas características”, o ministro das Infraestruturas disse aos entrevistadores que não iria “alimentar a polémica” quanto ao choque com António Costa. “As conversas que tenho com o primeiro-ministro não são matéria pública”, disse, acrescentando que “não está sistematicamente a perguntar se pode dar mais um passo” nos contactos, nomeadamente com outros partidos.

Quanto à possível incoerência de ser um ministro marcadamente de esquerda a despedir milhares de pessoas, calculando que a TAP perca dois a três mil postos de trabalho consoante os cortes salariais que venham a ocorrer, Pedro Nuno Santos respondeu que “partir do princípio de que um ministro, por ser de esquerda, convive com uma empresa pública ineficiente e a dar prejuízo, é uma leitura errada”.

“Tenho perfeita consciência de que o plano é agressivo para os trabalhadores da TAP, mas sei que se não fizermos a reestruturação não haverá hipóteses de salvação para a TAP”, salientou o ministro das Infraestruturas, garantindo estar consciente de que espera que “a Comissão Europeia seja dura” e que possa exigir cortes mais drásticos na transportadora aérea. Até porque não existe alternativa. “Se falharem as negociações em Bruxelas, e o plano de reestruturação não for aceite, a TAP será liquidada”, concluiu, defendendo que nesse caso o Estado teria prioridade na recuperação do empréstimo de 1.200 milhões de euros.

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