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Peixes do rio Vouga vão ter selo de origem no próximo ano

Os peixes capturados no rio Vouga vão passar a ter um selo de origem a partir do próximo ano, no âmbito do projeto “Life Águeda”, que foi hoje apresentado e cujo investimento ascende a 3,3 milhões de euros.
  • Reuters
18 Maio 2018, 21h33

O projeto, coordenado pela Universidade de Évora, tem como objetivo principal a reabilitação de habitat para os peixes migradores na bacia do rio Vouga, a par com a gestão sustentável e valorização económica da pesca.

O selo de origem será colocado pela Docapesca, que está a desenvolver um protótipo de um veículo com as funções de “Lota Móvel” para chegar às comunidades piscatórias das águas interiores, onde não há obrigatoriedade de o peixe passar pela lota.

“Fazer com que o produto de pesca passe pelo circuito oficial de venda é uma mais-valia para todos. Os consumidores vão perceber que o que estão a consumir foi capturado com regras que não põem em causa a sustentabilidade e a conservação das espécies e é uma garantia de salubridade”, disse à Lusa o investigador Pedro Raposo Almeida, coordenador do projeto.

O projeto “Life Águeda” contempla ainda a alteração da regulação da pesca, tendo em vista a salvaguarda a conservação das espécies migradoras, como a lampreia ou o sável, sem prejudicar o rendimento dos pescadores.

“Achamos que podemos fazer conservação das espécies de peixes migradores não impedindo que todos os outros intervenientes no ecossistema deixem de usufruir dos bens e serviços que lhes são proporcionados, quer seja para a agricultura, para a indústria, para o consumo doméstico, ou para a pesca”, explicou o investigador.

Pedro Raposo Almeida disse que estas ideias “têm vindo a ser acarinhadas por parte dos pescadores profissionais”, adiantando que “há outras comunidades piscatórias noutros rios que também querem este modelo de gestão”, nomeadamente no Douro.

“Os pescadores começam a perceber que não pescando tanto, passado poucos anos, têm mais peixe no rio e além disso têm um rendimento superior”, sublinhou.

O projeto “Life Águeda” inclui ainda a construção de dezenas de passagens para peixes nos rios Águeda e Alfusqueiro, com o objetivo de reduzir o efeito barreira causado pela existência de estruturas como os açudes, e a renaturalização das margens, com a eliminação das espécies exóticas, como as acácias, e a plantação de espécies autóctones.

“Para já estamos a desenvolver os projetos de intervenção. Só quando chegarmos a acordo com todos os proprietários que têm intervenção na utilização da água e das margens é que avançamos com a obtenção do licenciamento”, disse Pedro Raposo Almeida, estimando que as intervenções no terreno comecem na primavera do próximo ano.

Está ainda prevista a instalação em Águeda de um centro interpretativo com aquários a explicar a importância dos rios e as suas espécies mais comuns.

O projeto que teve início em agosto do ano passado e vai durar cinco anos, conta com um orçamento de cerca 3,3 milhões de euros e é financiado a 60% pelo Programa para o Ambiente e a Ação Climática (LIFE).

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