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Perito que aconselhou fecho do Reino Unido demite-se por receber visitas na quarentena

O governo considerou que o comportamento de Ferguson foi de risco e que o epidemiologista não seguiu as indicações do governo britânico, aconselhadas por si próprio, uma vez que não respeitou o isolamento obrigatório decretado pelo Executivo. 
  • Boris Johnson
6 Maio 2020, 13h48

O epidemiologista britânico Neil Ferguson, que aconselhou Boris Johnson a fechar o país e a confinar os cidadãos às suas habitações, apresentou a demissão após quebrar o seu próprio conselho e a quarentena decretada pelo governo britânico, revela o ‘The Telegraph’ esta quarta-feira, 6 de maio.

De acordo com a publicação, o conselheiro público para a pandemia, que ajudou a estabelecer as medidas de confinamento, recebeu visitas de uma mulher casada, com quem se encontra envolvido, durante o isolamento social que propôs aplicar ao país.

Segundo o ‘The Telegraph’, o apelidado professor ‘Lockdown’ quebrou o confinamento ao receber Antonia Staats, a mulher casada com quem esteve envolvido, por diversas vezes. O próprio Ferguson admitiu que esteve infetado com o novo coronavírus Covid-19, mas que entretanto recuperou, à semelhança de Boris Johnson e de Matt Hancock, secretário de Estado da Saúde.

O governo considerou que o comportamento de Ferguson foi de risco e que o epidemiologista não seguiu as indicações do governo britânico, aconselhadas por si próprio, uma vez que não respeitou o isolamento obrigatório decretado pelo Executivo.

Em comunicado, Neil Ferguson admitiu ter cometido um erro de julgamento. “Aceito que fiz um erro de julgamento e tomei a decisão errada. Por isso, afastei-me da Sage (Grupo de Aconselhamento Consultivo para Emergências)”.

“Agi sob a crença de que estava imune, tendo testado positivo para o coronavírus e tendo-me isolado completamente por duas semanas após desenvolver sintomas”, disse o agora ex-membro do grupo consultivo governamental, adiantando que se arrepende de não seguir as mensagens em torno da necessidade contínua de distanciamento social e que o conselho do governo é “inequívoco” e que serve “para nos proteger”.

O professor Lockdown tornou-se conhecido depois de ter elaborado, juntamente com um grupo de cientistas da Imperial College London, um estudo cujas previsões apontavam para 150 mil óbitos por Covid-19 e 2,2 milhões nos Estados Unidos.

O reitor português da Imperial College London, Francisco Veloso, assumiu ao Jornal Económico que o estudo desenvolvido foi importante para que Boris Johnson alterasse a sua perspetiva e decretasse o confinamento obrigatório, ajudando a retirar pressão do sistema de saúde público.

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