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Peru: Pedro Castillo vence, mas apelo de Fujimori atrasa o processo

Ambos os candidatos se preparam para uma batalha jurídica que pode arrastar-se duas semanas e prejudicar ainda mais um país fragmentado, a sair de campanha eleitoral onde imperou a violência.
  • 7 – Perú
11 Junho 2021, 17h40

A campanha política mais tempestuosa da história recente do Peru – com inúmeros episódios de violência, alguns deles extrema – continua a evoluir de modo a tornar-se um caso de estudo: o candidato da esquerda, Pedro Castillo, venceu as eleições por uma margem de apenas 63 mil votos, de acordo com a contagem quase final – com o que ainda falta a já não alterar os resultados.

Mas as duas candidaturas partem agora para uma batalha jurídica que pode durar pelo menos duas semanas, depois de Keiko Fujimori, candidata derrotada da direita, ter pedido a anulação e recontagem de milhares de boletins de voto, suficientes para reverterem o resultado.

Ambos se preparam assim para uma batalha judicial, com o tribunal eleitoral a queixar-se de que as dúvidas levantadas por Fujimori não são acompanhadas de provas e a afirmar que a estrutura do Estado não tem condições para a recontagem maciça exigida pela candidata derrotada.

Entretanto, segundo reportagem do jornal “El País”, muitos observadores internacionais consideraram que o dia das eleições correu particularmente bem mas ambos os candidatos garantiram que respeitariam o resultado no momento oportuno, o que abre as portas para todos os esquemas conflituais.

Keiko Fujimori pediu a nulidade de 800 assembleias de voto, algo sem precedentes na democracia do país. A candidata conta com o apoio dos escritórios de advocacia de maior prestígio em Lima, cidade onde recebeu apoio esmagador das elites. A anulação dos votos que Fujimori exige invalidaria a vontade de áreas inteiras, as mais pobres e remotas de Lima, que apoiaram o candidato de esquerda.

O Júri Eleitoral Nacional, último órgão de um sistema de garantia das eleições, que tem atrasado a contagem, terá a última palavra sobre um processo que já começou e que impede a divulgação oficial dos resultados finais.

Externamente, também se combate: a esquerda sul-americana juntou forças em favor de Castilllo, enquanto que a direita faz o mesmo em torno de Fujimori. Os peruanos são todos os dias ‘bombardeados’ por comunicados vindos das mais diversas proveniências que tentam explicar os porquês da vitoria de um e de outro candidato. Os nomes sonantes digladiam-se, mas só contribuem para lançar mais confusão sobre uma situação que não está clarificada.

Entretanto, alguns observadores temem que enquanto os candidatos de enfrentam na Justiça, a violência regresse às ruas – o que não seria propriamente anormal num país onde o debate político tende a ser musculado. O espetáculo que o país está a transmitir para o estrangeiro passa ainda por uma acesa confrontação entre os principais políticos dos dois lados.

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