[weglot_switcher]

Petróleo: Rússia desmente qualquer intenção de cortar a produção

Donald Trump disse “esperava” que a Arábia Saudita e a Rússia reduzissem a sua produção “em cerca de 10 milhões de barris”. A declaração ‘alimentou’ Wall Street todo o dia, mas o Kremlin desmente a informação.
3 Abril 2020, 00h00

O Kremlin desmentiu esta quinta-feira mensagens do presidente norte-americano Donald Trump prometendo uma redução da produção saudita e russa de petróleo, que provocaram uma subida forte das cotações do produto – e das empresas petrolíferas norte-americanas cotadas em Wall Street.

Em Nova Iorque, o preço do barril do norte-americano WTI (West Texas Intermediate) para maio progrediu cerca de 25% (5,1 dólares), para 25,32 dólares e em Londres a cotação do barril de Brent, do Mar do Norte, subiu 20% (4,96 dólares), para 29,78 dólares.

Esta foi a subida percentual mais elevada que qualquer um destes barris conheceu em sessão até esta quinta-feira. O Brent chegou mesmo a chegar a ter um ganho de 50% em relação ao fecho de quarta-feira e o WTI 35%.

Trump surpreendeu os investidores ao dizer, no Twitter, que “esperava” que a Arábia Saudita e a Rússia reduzissem a sua produção “em cerca de 10 milhões de barris, e talvez nitidamente mais”, antes de acrescentar que “poderia chegar aos 15 milhões de barris”, mas sem dar quaisquer detalhes em relação a estes números.

Um corte desta dimensão representaria uma descida colossal da produção do segundo e terceiros maior produtor mundial de petróleo, depois dos Estados, respetivamente a Rússia e a Arábia Saudita. Com efeito, em fevereiro a produção russa foi de 10,7 milhões de barris diários e a saudita de 9,8 milhões. Riade já antes tinha divulgado a sua intenção de aumentar a produção para mais de 12 milhões de barris por dia em abril.

Por outro lado, Trump disse que o seu anúncio seguia-se a uma conversa com o “amigo MBS (iniciais do príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman) da Arábia Saudita, que falou com o Presidente Putin”, o que foi imediatamente desmentido pelo Kremlin.

“Não. Não houve essa conversa”, declarou à agência Interfax o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, acrescentando também que “não, por enquanto”, sobre a eventualidade de um contacto entre Putin e Bin Salman.

Antes, o ministro da Energia russo, Alexandre Novak, durante uma entrevista radiofónica, tinha dito apenas que “a Rússia não excluía (a possibilidade de) novas discussões com a Arábia Saudita“. Entretanto, a Arábia Saudita apelou para uma reunião “urgente” da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outros países, incluindo a Federação Russa, para se chegar a um “acordo equitativo que restabeleça o equilíbrio dos mercados financeiros”, anunciou a agência noticiosa oficial saudita, a SPA.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.