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PIB, juros e consumo privado. “Portugal tem tudo a postos para combater a dívida”, enaltece Bankinter

No outlook para 2018, os analistas do banco espanhol estão otimistas quanto à economia portuguesa, mas alertam que Portugal não deve desperdiçar a oportunidade de corrigir “erros do passado”, como o elevado endividamento.
9 Janeiro 2018, 18h50

O forte crescimento do produto interno bruto (PIB) português, a descida dos juros da dívida pública e a aceleração do consumo privado estão a criar um ambiente favorável para Portugal diminuir o peso da dívida, segundo o Bankinter. Para 2018, os analistas do banco espanhol esperam que a economia nacional consolide nos 2%, uma desaceleração face a 2017, mas acima dos últimos anos.

“O PIB português mantém uma tendência de forte crescimento adquirida no final de 2016. A aceleração no consumo privado aparenta ser mais duradoura do que prevíamos anteriormente, no entanto as perspetivas em relação à procura externa deterioraram-se”, refere o relatório trimestral de research do Bankinter.

“A manutenção de um crescimento robusto, em conjunto com uma considerável poupança na fatura com os juros, irá permitir reduzir o elevado nível de endividamento público, fator que continua a “manchar” o panorama económico português”, explica.

Retoma do consumo “sustentável e duradoura”

Uma das principais razões para o otimismo é a retoma do consumo, que os analistas consideravam que iria abrandar. No entanto, afirmam agora que a tendência é “mais sustentável e duradoura que o esperado” devido às medidas extraordinárias do Governo (alívio da carga fiscal, descongelamento das carreiras da função pública e aumento do salário mínimo), que aumentam o rendimento disponível das famílias e impulsionam o consumo.

Além disso, apontam para a maior confiança dos consumidores, medido no Indicador de Confiança do Consumidor do INE, que registou em outubro um novo máximo histórico. Por último, sublinham que o ritmo de criação de emprego continua a acelerar em Portugal, com a recuperação de 411 mil postos de trabalho remunerados desde 2013.

Endividamento público, a “principal fragilidade”

“A principal fragilidade da economia portuguesa – elevado endividamento público – persiste, pelo que continua a justificar-se a existência de um spread de risco face aos seus congéneres europeus. De facto, a dívida pública representava 130,8% do PIB, em setembro 2017, uma carga extremamente pesada e que nos impede de ter uma perspetiva mais otimista sobre o contexto económico português”, afirmam.

“A boa notícia é que tanto a diminuição da fatura com os juros (atualmente 3,7% do PIB), como a manutenção do crescimento do PIB acima de 2%, tal como estimamos para os próximos anos, irá ajudar a reduzir este rácio”, refere o relatório.

Necessário “forte controlo” da despesa do Estado

Apesar do otimismo dos analistas do Bankinter, consideram ser necessário um “forte controlo” da despesa do Estado, que permita manter o atual excedente primário, o que vêem como uma tarefa complicada dada a composição atual do Governo português e as medidas já previstas. “Em resumo, Portugal encontra-se, em termos económicos, num momentum altamente favorável. Trata-se de uma excelente oportunidade para corrigir e eliminar os erros do passado, nomeadamente o excessivo endividamento da economia, que não deve ser desperdiçada”, acrescenta.

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