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Plano 2020/2030: Madeira diz que documento é apenas para “Portugal continental” e “uma brincadeira”

O governante sublinhou que “a única referência que o Plano faz à Região Autónoma da Madeira” é relativa a um polo universitário de uma instituição educativa que deverá ser criada nos Açores.
14 Julho 2020, 18h00

O Vice-Presidente do Governo da Madeira, Pedro Calado, disse esta terça-feira que o Plano de Recuperação Económica e Social do consultor António Costa Silva é um documento apenas para “Portugal continental”, esquecendo a Região Autónoma, classificando-o como “uma brincadeira”.

“Eu penso que aquele Plano é só para Portugal continental”, disse à Lusa Pedro Calado, à margem do plenário da Assembleia Legislativa Regional, que decorreu no Funchal.

O governante sublinhou que “a única referência que o Plano faz à Região Autónoma da Madeira” é relativa a um polo universitário de uma instituição educativa que deverá ser criada nos Açores.

“Isso não é um plano estratégico a nível nacional. Isso é uma brincadeira e, uma vez mais, brincam com aquelas que são as prioridades e as grandes responsabilidades que temos neste momento de governação”, considerou.

O Vice-Presidente do Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, sublinha que “apresentar, numa situação de pandemia e de estado de calamidade, com as dificuldades que a Região está a atravessar, com a falta de solidariedade que existe a nível nacional para com a Madeira, um plano estratégico de desenvolvimento nacional esquecendo o nome da Região Autónoma da Madeira é, pura e simplesmente, brincar com os madeirenses e porto santenses.

“Mas isso é o que o Governo socialista tem trazido para Região”, criticou.

A versão preliminar do plano de recuperação económica elaborada por António Costa Silva, consultor do Governo, estima que a economia portuguesa poderá cair 12% em 2020 e avança com um conjunto de propostas para os diversos setores de atividade.

Num documento de 120 páginas, intitulado “Visão Estratégica para o plano de recuperação económica e social de Portugal 2020-2030”, António Costa Silva deixa o alerta: não vale a pena ter “ilusões”, acrescentando que “a crise sanitária causada pela doença da Covid-19 traz consigo uma profunda recessão económica que tem características globais e que vai ferir profundamente” a economia.

O documento propõe a criação de uma “grande Universidade do Atlântico” nos Açores, com um polo na Madeira, para o estudo do oceano, clima, terra e atmosfera, em cooperação com o ensino superior e centros de investigação.

“O país deve criar uma grande Universidade do Atlântico e um centro de previsão do clima, atraindo parceiros internacionais para os Açores, que é um dos melhores sítios do mundo para estudar a interação entre o oceano e a atmosfera, a terra e o ar, e esse conhecimento é valioso porque pode prevenir e mitigar a ocorrência de fenómenos climáticos extremos, quando as mudanças estruturais de combate às alterações climáticas e o avanço na descarbonização da economia ainda não estão a surtir efeito”, lê-se no documento.

A Universidade do Atlântico deverá promover a investigação oceanográfica e climatológica, “informação vital para mapear os ecossistemas e desenvolver uma estratégia consistente para a sua proteção”.

A ideia é transformar os Açores numa plataforma tecnológica, criando ainda um polo ligado ao ‘Atlantic International Research’, assente numa rede de instituições nacionais e internacionais, o que pode atrair “financiamentos múltiplos”.

“Os Açores são uma das melhores localizações do mundo para este tipo de estudos e é fulcral ter um modelo integrado que contemple todas as vertentes: o oceano, o clima, a atmosfera, a previsão meteorológica, o mapeamento de recursos nacionais, a criação de ‘clusters’ para o aproveitamento e desenvolvimento sustentável desses recursos”, lê-se no documento, que sugere a reconversão da Base das Lajes, na ilha Terceira, “num centro tecnológico avançado”.

A Universidade do Atlântico teria ainda como missões lançar projetos para a monitorização dos ecossistemas marinhos e ajudar na definição e proteção das áreas mais críticas, tendo em conta “a importância capital” de antecipar as alterações climáticas e melhorar as previsões meteorológicas.

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