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“Plano ambicioso vai promover o destino Algarve e o ‘slow tourism’”, diz secretária de Estado

Para estancar a crise no turismo algarvio, foram concedidos 77 milhões, a fundo perdido, mas, a médio prazo, será preciso capitalizar as empresas.
2 Maio 2021, 18h00

Rita Marques, secretária de Estado do Turismo desde 26 de outubro de 2019, está no epicentro da crise na atividade turística provocada pela pandemia da Covid-19. Considerando que em 2021 as perspetivas para o turismo são “ligeiramente mais positivas” que aquelas que houve em 2020, Rita Marques revela que preparou um plano “ambicioso” que visa recuperar “o mais rapidamente possível” a atividade turística, promovendo a internacionalização do destino Portugal e do Algarve. Nesta estratégia, assumem relevância central a promoção do turismo sustentável, sobretudo no caso da oferta da Madeira e Porto Santo e do arquipélago dos Açores.

Entre as novas tendências promovidas pela equipa de Rita Marques está o slow tourism. Sobre a retoma da atividade aos níveis de 2019, a secretária de Estado considera que isso só ocorrerá em 2023 ou 2024. É licenciada e Mestre em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, possui um MBA pela University of Southern California e diversos programas de alta direção para executivos, entre os quais o da London Business School. Foi Presidente da Portugal Capital Ventures – Sociedade de Capital de Risco e diretora Executiva da Porto Business School.

 

Quais são as perspetivas existentes para o Turismo em Portugal? Como vai ser o próximo verão?
Nesta altura, 20% da população residente em Portugal e, genericamente, na Europa, encontra-se primo-vacinada, o que suscitou já uma redução relevante ao nível do número de internamentos e da taxa de letalidade em Portugal. À medida que o plano de vacinação avança em Portugal e na Europa, ficam reforçadas as condições para voltarmos a viajar em segurança, pelo que as perspetivas para o turismo em Portugal em 2021 são ligeiramente mais positivas do que aquelas que tivemos o ano passado.

 

A situação do Algarve será reequilibrada até setembro, ou a região vai continuar a viver num enquadramento frágil?
Temos vindo a mobilizar um conjunto muito expressivo de medidas de apoio à tesouraria das empresas que atuam no sector turismo, assegurando e preservando a sua liquidez no mercado e a continuidade da sua atividade económica durante e após o surto pandémico. Até ao momento, das 17.806 empresas turísticas do Algarve, 3.588 apresentaram candidatura no Apoiar. A generalidade das candidaturas foi aprovada, o que representou um total de financiamento de 77 milhões de euros a fundo perdido. A médio prazo, temos, porém, de garantir maiores índices de capitalização das empresas, promovendo estruturas financeiras mais equilibradas e reduzindo os passivos, para garantir um tecido produtivo mais forte na região.

 

Que se pode fazer pelo turismo do Algarve para enfrentar a nova concorrência da Turquia, do Norte de África, dos Balcãs e do Adriático?
Preparámos um plano ambicioso que visa recuperar o mais rapidamente possível a atividade do sector, promovendo a internacionalização do destino Portugal e, naturalmente do Algarve. As prioridades deste plano passam pela recuperação da operação aérea e da operação turística, assim como a capacitação do trade nacional e internacional. Num outro eixo, temos como foco estimular e alargar a oferta comercial de produtos diferenciados e que promovam a coesão territorial, respondendo às novas tendências da procura – o slow tourism. Por fim, há que promover o turismo responsável e reforçar a perceção de destino sustentável e solidário. Os contributos de todos os atores da cadeia de valor do turismo – do alojamento à animação turística – para a consecução deste plano são importantes, por isso mesmo estamos a fazer um esforço para manter estas empresas, desde que viáveis.

 

Qual é o efeito prático no sector dos pagamentos de 1.300 milhões de euros feitos às empresas, entre dezembro de 2020 e março de 2021?
Os apoios para o sector do turismo, excluindo os mecanismos de apoio à manutenção dos postos de trabalho e diferimentos de natureza fiscal, ascendem a perto de 2,5 mil milhões de euros. Em 2020, as atividades ligadas ao Alojamento e à Restauração e Similares empregaram 292 mil indivíduos, menos 29 mil do que no ano de 2019 (menos 8,9%). A quebra verificada para o total da economia foi menos acentuada (-2,0%). Este decréscimo nas empresas ligadas ao Turismo foi motivado pelas restrições e sucessivos períodos de confinamento impostos pelo Governo, para conter a pandemia. Tal como muitos estudos indicam, se não tivéssemos mobilizado todos estes apoios, a situação seria muito mais aguda.

 

Que balanço se pode fazer da linha de apoio para agências de viagens e operadores turísticos, inicialmente dotada com 100 milhões de euros e depois aumentada para 120 milhões?
Entre operações aprovadas, em aprovação e contratadas, temos cerca de 30 milhões de euros executados.

 

Os destinos Lisboa e Porto vão ser relançados nos mercados internacionais?
As sete Agências Regionais de Promoção Turística são responsáveis pela promoção regional externa com Planos Regionais de Promoção Turística. Em articulação com o Turismo de Portugal, contribuem para a execução do Plano Nacional de Promoção Externa, apresentado e aprovado em janeiro de 2021. Uma das linhas de atuação desta estratégia prende-se com o reforço da digitalização da atividade promocional, expresso designadamente num maior alinhamento na utilização de tecnologia entre as Agências Regionais de Promoção Turística e o Turismo de Portugal e a amplificação do ecossistema de conteúdos partilhados nas plataformas digitais, tema muito importante para todos os destinos, em particular para Lisboa e Porto.

 

Que medidas podem ser tomadas para dinamizar o mercado de Porto Santo?
O Turismo de Portugal tem vindo a trabalhar também com a Associação de Promoção da Madeira, a qual compete promover e divulgar o destino Madeira no exterior, quer no mercado interno, como no mercado internacional, sempre de acordo com as estratégias definidas para o sector turístico da Região Autónoma da Madeira e do país.

 

As ilhas dos Açores vão ter novas campanhas internacionais?
O Turismo de Portugal tem vindo a trabalhar também com a ATA – Associação de Turismo dos Açores. Um dos eixos basilares da estratégia de promoção turística para 2021 é a sustentabilidade, ao incorporar ações e iniciativas que respondem ao desígnio de criar um turismo responsável e que reflete os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável. Os Açores ajudarão certamente a corporizar uma estratégia de comunicação focada na mudança de paradigma da procura e com o objetivo de reforçar a perceção de destino sustentável.

 

Quando será possível ter uma recuperação da atividade turística aos níveis interrompidos em 2019?
De acordo com a Organização Mundial de Turismo, possivelmente só em 2023 ou 2024.

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