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Pode a música portuguesa ser uma oportunidade de internacionalização?

Proporcionar encontros profissionais produtivos e criar muitas oportunidades de internacionalização são alguns dos objetivos da 2ª edição do MIL – Lisbon International Music Network.
4 Abril 2018, 15h11

Até esta sexta-feira, Lisboa será a capital da indústria musical ao receber a 2ª edição do “MIL – Lisbon International Music Network”, o festival e convenção internacional de música que vai reunir agentes profissionais de todo o mundo, com o objetivo de potenciar oportunidades de colaboração entre os diferentes mercados.

O MIL é constituído por dois tipos de programa: o Programa Profissional, (com três dezenas de debates, masterclasses, etc) reservado aos profissionais de todos os setores da indústria musical, nacional e internacional e o Programa Artístico, (com mais de 60 concertos) que é aberto ao grande público e consolida a componente ao vivo do festival, cruzando artistas de língua portuguesa e os seus homólogos internacionais.

Gonçalo Riscado, da direção do MIL – Lisbon International Music Network, falou ao Jornal Económico sobre os objetivos desta 2ª edição.

Quais são as principais expectativas com relação a esta 2ª edição do MIL? 

Consolidar o conceito. Envolver mais profissionais nacionais e internacionais. Provocar bons debates de ideias. Proporcionar encontros profissionais produtivos. Criar muitas oportunidades de internacionalização.

Ter vencido o Eurovisão da Canção em 2017 coloca Portugal em destaque no negócio da música? Aumentou a relevância e/ou procura pelo evento (seja pelo grande público, seja pelos próprios artistas)?

Portugal está sem dúvida muito apetecível e para isso contribuem vários fatores culturais que têm sido largamente debatidos. O festival Eurovisão da Canção tem um relevante impacto popular. Mais do que a vitória em si, penso que teve impacto na valorização e interesse pela criação nacional a abordagem artística, em rotura com o padrão estético estabelecido.

Como acredita que o evento pode impulsionar a música portuguesa no mercado internacional? 

A ferramenta de internacionalização que o MIL protagoniza está testada com sucesso em diversos países. Os profissionais internacionais são atraídos por um estimulante programa artístico e pela oportunidade de negócio com um mercado com muito potencial (o da língua portuguesa neste caso). Vêm focados para ver esses artistas que estão a “tocar em casa”, junto do seu público. Deste processo e do trabalho de networking que os agentes e promotores nacionais têm de fazer, surgem as oportunidades de internacionalização.

A grande maioria dos artistas previstos na programação artística é composta por portugueses, seguido pelos brasileiros. Apesar do apelo à divulgação da música em língua portuguesa, há poucos africanos. Há algum motivo em especial?

Sim, vários. A maturidade dos diferentes mercados que se reflete na predisposição para este investimento é um deles. A nossa capacidade de trabalho e disponibilidade financeira para o envolvimento de todos os países é outro, e por certo o mais relevante. Fizemos um esforço grande este ano no envolvimento de profissionais e artistas brasileiros, principal mercado da língua portuguesa. Com mais tempo, ao longo das próximas edições, contamos conseguir envolver todos. Certo é que qualidade, pertinência e relevância existe em todos os países.

Este ano existe uma secção de debates dedicada aos “Sons Cabo-Verdianos” no programa profissional. Qual a motivação?

Por um lado Cabo-Verde, é um exemplo de aposta na exportação de música. A música é um dos seus principais produtos de exportação que tem por trás uma clara visão estratégia política, veja-se por exemplo a aposta na criação do Atlantic Music Expo (www.atlanticmusicexpo.com). Por outro é muito interessante observar a vitalidade e a tendência de consumo de ritmos como o funaná por parte de novas gerações de público e criadores.

Observa alguma tendência de internacionalização da música portuguesa em algum país em especial? Acha que esse movimento pode ser mais fácil para países de língua portuguesa, ainda que haja diferenças culturais?

Nota-se nos últimos anos uma grande vontade e uma nova mentalidade de aposta na internacionalização por parte das novas gerações de artistas e profissionais do sector, com consciência do trabalho e investimento que esse objetivo acarreta. Este fator, associado à qualidade e originalidade da produção nacional já está a ter impacto a nível global. Muito em breve deixaremos de associar o sucesso de internacionalização da música portuguesa a um determinado estilo de música ou aos poucos casos isolados de sucesso individual que marcaram as últimas décadas.

Alguma dica para que um artista aproveite ao máximo as oportunidades de negócio que o evento proporciona? 

Abusar das ferramentas de networking que lhe são disponibilizadas, tomar a iniciativa de contacto e, após o MIL, dar seguimento aos contactos estabelecidos. O MIL é apenas uma etapa, uma importante etapa, de um desafiante processo.

 

 

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