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“Podemos facilmente duplicar para 200 mil clientes em Portugal em 2020”, diz diretor do banco digital N26

Lembra-se do cubo ‘mágico’ de Rubik? O brinquedo que se tornou num ícone da década de 1980 inspirou a escolha do nome do N26. O diretor geral do banco digital diz ao JE que após, atingir 100 mil clientes em Portugal no final do ano, quer duplicar esse número em 2020 com mais investimento em marketing.
23 Outubro 2019, 07h46

“26 é o número de peças no cubo de Rubik. O que é que isso tem a ver? O cubo é complexo, mas quem sabe a sequência correta de passos pode resolvê-lo de forma fácil e elegante. Tentamos aplicar a mesma abordagem à banca, um setor historicamente complexo e que por vezes frustra a experiência do consumidor e tem sido parco em inovação”, afirma Sarunas Legeckas, diretor geral do N26 para 18 mercados europeus, em entrevista ao Jornal Económico.

O banco, fundado em 2013 por Valentin Stalf and Maximilian Tayenthal, já angariou cerca de 600 milhões de dólares em financiamento e tem 3,5 milhões de utilizadores espalhados por 26 mercados, os mais recentes dos quais são a Suiça e os Estados Unidos.

A N26 oferece contas gratuitas, sem cobrar levantamentos e transferências, numa altura em que muitos bancos tradicionais estão a aumentar as comissões por esse tipo de operações. Além dessa diferenciação, Legeckas sublinha ainda, as vantagens que a N26 oferece a nível da mobilidade internacional. Enquanto nos bancos tradicionais é complexo levar a conta bancária quando se muda de país, na N26 é simples e “nada muda, a conta pode ser usar noutro país de forma idêntica”.

Essas vantagens têm permitido ao banco adicionar 10 mil utilizadores por dia. “Onde é que queremos ir? Temos uma visão enorme e queremos ter 100 milhões de utilizadores. Não lhe posso dizer quando é que vamos atingir essa meta, mas o que queremos fazer é construir o primeiro verdadeiro banco global de retalho”.

Em Portugal para participar em duas conferências, Legeckas diz que o país vai fazer parte do crescimento do banco. “Hoje [terça-feira] anunciei que até ao final do ano vamos ter 100 mil clientes em Portugal, tendo começado apenas em 2017. Até ao final de 2020, podemos facilmente duplicar esse número”, frisa.

“100 mil é, por um lado, um número grande, mas é pequeno se considerarmos que o país tem 10 milhões de pessoas, com três a cinco milhões com contas bancária. Portanto vamos expandir, vamos investir mais dinheiro e mais marketing em Portugal em 2020”, adiantou.

Millennials formam a maioria

Legeckas explica que os millennials formam a maioria dos clientes do N26, mas realça que cerca de 40% dos utilizadores tem mais de 40 anos, o que demonstra a abrangência do serviço. O N26 não é, ao contrário de alguns novos players, apenas um serviço de cartões de crédito para viagem, é um banco regulado, com todo o compliance que isso requer, adianta.

Questionado sobre a fonte de receitas e lucros, Legeckas, responde que reside nas contas premium com assinatura mensal (9,90 euros ou 16,90 euros por mês) e que oferecem levantamentos gratuitos no estrangeiro, seguros da Allianz e descontos através de parceiros do N26, como por exemplo a rede de marcação de alojamento booking.com ou as trotinetes da Lime.

A N26 tem cerca de 1.300 colaboradores. O diretor geral explica, no entanto, que para a empresa servir um cliente, com tecnologia e infraestrutura tudo incluído, custa cerca de um sexto do que custa a um banco tradicional. “É aqui que temos as poupanças e é por isso que podemos oferecer serviços sem cobrar comissões e fazer dinheiro de serviços premium“.

Como está a ser ou irá ser a reação dos bancos à entrada de novos players como a N26 no mercado? “Espero mesmo que ele tentem concorrer connosco”.

“O que vemos nos vários mercados é que os players tradicionais estão a reagir, a arregaçar as mangas e a fazer a digitalzação”, salienta Legeckas. “Qual será o efeito? Ainda não sabemos, mas pode ser como o caso da Netflix e da Blockbuster, no qual o primeiro tornou o segundo obsoleto, ou pode ser como os táxis tradicionais que têm de melhorar os serviços para operarem ao mesmo tempo quer empresas como a Uber “.

 

 

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