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Poderá Isabel II intervir na questão do Brexit?

Pode. Em teoria. A rainha tem de aceitar todas as leis aprovadas no Parlamento. Ou não. Mas uma intervenção direta em matéria do Brexit é tudo menos provável. A última vez que a Coroa se ‘meteu’ nos assunto parlamentares foi em 1707.
  • Hannah McKay / Reuters
29 Janeiro 2019, 08h10

A primeira-ministra britânica, Theresa May, tem sido repetidamente acusada de não estar a cumprir a sua função de gestora da saída do país do agregado europeu – havendo até quem prefira uma saída dura, sem acordo, àquilo que May tem apresentado. Nesse quadro, tem vindo a ganhar força a ideia de que a rainha (tida como uma apoiante do Brexit antes do referendo) poderia usar os seus poderes para garantir a saída do Reino Unido da União.

Mas isso seria de uma ‘extravagância’ inimaginável. Em teoria, todas as leis do Reino Unido têm de ser assinadas pela rainha. Ora, em teoria, Isabel II pode recusar assinar uma lei com que não concorda (ou por outra razão qualquer) – sendo possível que fizesse isso com a hipótese de o Brexit se manter sem uma decisão final de saída por tempo indeterminado.

Em teoria é possível, mas é de recordar que a última vez que um monarca britânico recorreu a essa espécie de último recurso foi em 1707, quando a rainha Ana vetou a lei da milícia escocesa.

Na realidade, o poder de vetar a legislação aprovada pelos parlamentares provavelmente só seria usado novamente nas situações mais extremas – sendo que não se vislumbra qualquer ‘extremismo’ por perto.

Apesar de tudo, e a propósito do Brexit, Isabel II já se expôs bem mais que aquilo que costuma fazer. Num dos seus últimos discursos à Nação, deixou bem vincado que não lhe agradava a crispação que sentia no país por causa da saída do Reino Unido, e apelou a que todos recordassem que devem ouvir todas as opiniões.

Este verdadeiro ‘puxão de orelhas’ ao povo britânico – pelo menos foi assim que os analistas observaram o discurso – parece ter sido ouvido em todo o país. Não que a crispação tivesse descido de tom, mas a verdade é que, como talvez hoje fique mais uma vez provado, os britânicos acabam sempre por engendrar uma forma de unirem esforços no mesmo sentido.

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