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Políticos corruptos devem ser impedidos de ter cargos públicos, defende líder da JSD no ICPT

A líder da JSD, Margarida Balseiro Lopes, defendeu hoje que os políticos condenados por corrupção fiquem inibidos de exercer funções públicas por uma década, durante um almoço-debate que juntou na mesma mesa Rui Rio e Luís Montenegro.
11 Julho 2018, 18h00

 

Numa intervenção com o tema ‘A política e as novas gerações’, e com a presença de Rui Rio e Luís Montenegro, Margarida Balseiro Lopes defendeu, no almoço-debate organizado pelo International Club, um pacto de regime entre PS e PSD para alterar o sistema eleitoral e introdução de primárias para eleger os líderes partidários, como forma de escapar a processos menos transparentes em eleições internas.

A deputada e líder da Juventude Social-Democrata apontou cinco razões para o divórcio dos cidadãos, em especial dos jovens, dos políticos, considerando que as novas gerações continuam a interessar-se por política.

A falta de confiança na classe política, “reforçada com os casos de corrupção”, é para a líder da JSD o primeiro fator para este divórcio.

“É verdade que hoje Portugal está muito mais intolerante e atento aos abusos e aos prevaricadores, mas há ainda um longo caminho a ser feito para a regeneração do regime”, afirmou, sublinhando que a corrupção “não é exclusiva à classe política”, mas que esta é a classe mais escrutinada atualmente.

Para acabar com a generalização de que os políticos são “todos iguais”, Balseiro Lopes propôs que “os prevaricadores” sejam penalizados com uma inibição de exercer funções públicas por um período de dez anos.

“Orgulho-me de o meu partido ter dado um sinal muito recentemente, ao ter acolhido uma proposta feita pela Juventude Social Democrata para expulsar todos os militantes que sejam condenados pela prática deste tipo de crimes. É fundamental credibilizar o sistema e defender a democracia”, salientou.

A líder da JSD lamentou ainda a insuficiente formação política e cívica em Portugal — em que é possível um jovem terminar o ciclo de estudos sem saber como funciona o sistema político e quem são os seus representantes — e a falta de atualização do sistema eleitoral, apesar de ser um tema sempre debatido nas campanhas.

“Se há matéria que carecia de um pacto de regime entre os maiores partidos, era esta, porque é fundamental mudar o sistema eleitoral que está completamente obsoleto”, salientou, defendendo, por exemplo, a introdução do voto preferencial, em que os eleitores podem escolher “qualquer candidato de uma lista, mesmo que este vá ordenado em último lugar”.

A desilusão com os partidos e os seus dirigentes e o eleitoralismo de muitos políticos foram os outros fatores apontados pela líder da JSD como razões para o divórcio entre cidadãos e políticos.

“Se há estruturas resistentes à mudança são mesmo os partidos políticos. Desde o processo de inscrição ao processo de eleição interna, continua tudo igual”, lamentou, considerando que a forma como se financiam os partidos e como são eleitos os dirigentes tem descredibilizado o papel que os partidos têm na democracia.

Para a líder da JSD, as eleições primárias — abertas a não a não militantes — serão uma forma de “abrir os partidos à sociedade civil”.

“O eleitoralismo é hoje uma forma de fazer política, associado a uma grande dose de populismo e irresponsabilidade, em que se protelam no tempo decisões urgentes, em que se tomam opções sem acautelar o seu impacto ou pegada geracional”, criticou ainda, apontando como exemplo recente a redução de 40 para 35 horas no setor da saúde, sem “consideração pelo impacto nos doentes”.

Balseiro Lopes criticou ainda o alargamento do período experimental previsto na proposta do Governo de alteração da legislação laboral — assente no acordo de concertação social, lamentando que no mundo do emprego haja “dois mundos diferentes”, em que o desemprego jovem é três vezes superior à taxa geral.

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