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Portugal Fintech: levantamento de capital das startups aumentou para cerca de 276 milhões de euros

Startups que atuam no segmento de pagamentos e transferências foram as que mais operações de levantamento de capital fizeram. O “Portugal Fintech Report 2020” demonstra que o ecossistema de fintech mudou em doze meses e que a relação com os reguladores melhorou.
29 Outubro 2020, 10h09

As trinta fintechs em portuguesas ou presentes no país que se destacaram no país, segundo a Portugal Fintech, aumentaram em doze meses o montante de capital levantado em cerca de 66 milhões de euros.

De acordo com o relatório “Portugal Fintech Report 2020”, realizado pela Portugal Fintech e divulgado esta quinta-feira, as 30 principais empresas de inovação tecnológica  já levantaram desde, pelo menos, 2017, cerca de 276 milhões de euros, o que compara com o capital levantado até há um ano ano, que se fixou em 210 milhões de euros.

Esta não foi, contudo, a única transformação operada no ecossistema nacional de inovação tecnológica financeira, seguradora, de cibersegurança, mercados de capitais e até de imobiliário — apesar de o relatório intitular-se “Portugal Fintech Report 2020”, há startups que atuam noutros segmentos de mercado que não o financeiro, daí não serem verdadeiramente fintech (por exemplo, uma startup que atua no segmento dos seguros é conhecida por insurtech, enquanto uma startup que atua na regulação, denomina-se de regtech).

Num ano, o ecossistema de inovação tecnológica mudou de configuração. Segundo o “Portugal Fintech Report 2019”, as 30 principais fintech estavam quase equitativamente repartidas entre os vários segmentos de mercado, o que não acontece na edição do relatório deste ano. Há agora um claro predomínio das fintech que atuam na indústria dos pagamentos e transferências, com um peso de 27% — contra 10% há doze meses —, seguindo-se as insurtech (19% vs. 17% em 2019) e as startups que atuam no blockchain e criptomoedas (13% vs. 10% em 2019). Todas as outras indústrias têm um peso inferior a dois dígitos no ecossistema das fintech analisadas e que passou a incluir uma fintech que atua no ramo imobiliário, uma novidade que no ano passado não figurava no relatório.

Outra alteração consistiu no aumento de empresas nacionais que receberam financiamento. Em 2019, cerca de 46% das fintech analisadas tinham levantado capital, sendo que essa percentagem subiu para 60% este ano.

Talvez seja natural que assim seja, sendo que 76% das empresas analisadas estão em Portugal, em linha com o que sucedia em 2019. Em Portugal, destaque para a perda do do peso das fintech sediadas em Lisboa, cidade que ainda assim mantém o predomínio de ser o hub de fintech em território nacional, que contabiliza agora 54% das empresas, contra 62% no ano passado. A cidade do Porto manteve-se em linha com o ano passado, onde estão 19% das fintech, enquanto Braga subiu seis pontos percentuais em doze meses, de 10% para 16%.

Fora de Portugal, o número de empresas sediadas no resto da Europa manteve-se praticamente inalterado nos últimos doze meses (19%), sendo que o peso do número de empresas sediadas nos Estados Unidos baixou de 10% em 2019 para os 5% este ano.

Uma novidade do relatório deste ano é o tamanho das empresas em causa, um indicador que não vinha detalhado no “Portugal Fintech Report 2019”. A maioria das fintech (69%) têm mais de 2o colaboradores, sendo que 31% têm mais empregados.

Fundada por João Freire de Andrade, a Portugal Fintech é uma associação sem fins lucrativos que apoia o crescimento de empresas de tecnologia financeira. Citado em comunicado, João Freire de Andrade vincou que “o ecossistema está a crescer e a prova disso são não só as empresas que estão a destacar-se pelos seus resultados e no número de colaborações com players maduros, mas também pela qualidade de novas fintechs a nascer em Portugal e pelas internacionais que já olham para o nosso país como hub fintech onde querem estar”.

Regulação continua a ser uma prioridade para as fintech

No entanto, há aspetos que não mudaram entre 2020 e 2019. No ano passado, as fintech consideravam a regulação como um dos aspetos a melhorar por tratar-se de um fardo, situação que se repetiu este ano — 37% das fintech consideram esta a prioridade a melhorar.

Apesar disso, a relação das fintech com os reguladores nacionais parece estar a melhorar uma vez que 53% das fintech considerou que houve uma melhoria no acesso aos reguladores nacionais, contra 50% no passado, sendo que 49% considerou que a regulação teve impacto impacto no desenvolvimento do negócio (29% em 2019), contra 40% que considerou que a regulação teve um impacto negativo (50% em 2019).

As fintech reclamam por maior proximidade com o Governo. A grande maioria das fintech consideradas (71%) acreditam que precisam de uma maior relação com o setor público (60% em 2019), sendo que, apenas 16% considera que os reguladores atuam tendo em conta os interesses das startups (4% em 2019). Neste último ponto, 48% manteve uma postura neutra enquanto pouco mais de um terço considera que os reguladores, de facto, atuam tendo em conta os interesses das startups.

Entre os principais obstáculos a superar, este ano o principal desafio identificado pelas fintech consistiu no ciclo de vendas (42%), um indicador que em 2019 estava identificado como o segundo maior obstáculo a ultrapassar.

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