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Portuguesa Blip é peça chave no gigante PPB

O universo dos jogos e apostas ‘online’ está a crescer significativamente, em termos mundiais, e o acesso via ‘mobile’ é o seu principal canal.
14 Outubro 2018, 13h00

A Paddy Power Betfair (PPB), grupo cotado no London Stock Exchange, é um dos líderes em matéria de apostas e jogos desportivos no mundo. Depois da fusão da Paddy Power, nascida em 1998 na Irlanda, com a Betfair, fundada em 2000, a empresa rapidamente assumiu um lugar de liderança no mercado das apostas no Reino Unido, tendo como principal trunfo permitir apostas entre jogadores, dispensando a figura do gestor de apostas.

O interesse da empresa por Portugal remonta a 2009, altura em que a tecnológica portuguesa Blip dava os seus primeiros passos, e a Betfair se tornou um dos seus clientes. A Blip, com sede no Porto, é especializada na produção de software para internet e telemóvel, especialmente direcionada para a área dos jogos online, conquistou, em 2017, o primeiro lugar do pódio do ranking “100 Melhores Empresas para Trabalhar”.

Gary McGann, chairman da PPB, recorda que rapidamente ficaram impressionados com a qualidade do trabalho da empresa portuguesa, bem como com a atitude e o entusiamo da equipa.

Um cenário que viria a pesar, três anos mais tarde, na decisão de adquirir a Blip. “Desde a fusão da Betfair com a Paddy Power, a Blip transformou-se numa peça-chave do grupo, ao contribuir para o de­senvolvimento do produto usado nas nossas operações a nível europeu e ao estar cada vez mais disponível para apoiar a nossa expansão global”, afirma o responsável, ao Jornal Económico.

Numa passagem recente pela cidade do Porto, Gary McGann, em jeito de balanço dos últimos dois anos, assegura que a Blip tem atingido os objetivos e que não poderiam estar mais satisfeitos com o seu contributo para o grupo. Congratulando-se com a existência de cerca de 300 ‘Blippers’, garante que a tecnológica portuguesa é, atualmente, um dos principais pólos tecnológicos do PPB, juntamente com Cluj, na Roménia, e Dublin, na Irlanda. Juntas, estas equipas são responsáveis por 135 milhões de transações realizadas online a cada 24 horas.

Com a Blip, a exportar 100% do que produz, e Portugal ainda a rever a legislação dos jogos e apostas online, McGann afirma que a intenção da PPB é participar em mercados regulados em todo o mundo, e que também gostariam de o fazer em Portugal. Sobre esta matéria, considera que “o Governo português deu alguns passos positivos para a sua regulamentação há três anos, mas ainda há espaço significativo para o mercado crescer, se se permitirem novos produtos e a revisão da tributação”. Ainda sobre a regulação, diz-lhe a experiência noutros mercados, que precisa de responder “às exigências dos clientes em termos de gama de produtos, inovação e de funcionalidades, caso contrário, esses clientes serão perdidos para o mercado não regulamentado”.

Ecossistema tecnológico de Portugal “é muito atraente”

Quanto ao futuro próximo, garante que a Blip continuará a ter um papel fundamental na futura estratégia da PPB” e ressalva que a portuguesa já é responsável por alguns dos principais produtos do grupo (Exchange, Sportsbook, Retail) e a expectativa é manter ou até aumentar esse contributo. “A PPB decidiu que 2019 será um ano em que vários projetos estratégicos terão que ser executados, e a Blip terá um papel fundamental para dar vida a esses projetos”, conclui.

Com base nesta estratégia, McGann avança ainda que estão ser considerados mais investimentos na Blip, justificados pelo contributo significativo que tem dado, que se traduz também num aumento da equipa em 25% (desde a fusão em 2016).

Questionado sobre se esta estratégia de investimento poderá ter outros alvos portugueses, afirma que o “ecossistema tecnológico de Portugal é muito atraente para investimentos. Embora os investimentos adicionais dependam de vários fatores, penso que a atratividade de Portugal é inegável”, remata.

Atendendo aos desenvolvimentos “empolgantes” no mercado de apostas online, a nível global, e não menos importante, o progresso a que se assistiu nos EUA após a revogação da legislação do ‘PASPA’ pelo Supremo. O grupo acredita que mercados abertos, transparentes e regulados proporcionam experiências de jogo mais seguras, ao contribuir, ao mesmo tempo, para receitas fiscais significativas para os governos dos diferentes países. “A tendência de longo prazo vai neste sentido na maioria dos principais mercados, e nós estamos ansiosos para trabalhar com o Governo português para garantir que Portugal detém um mercado competitivo”, conclui.

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