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Poupança: “Em Portugal ainda não existe uma verdadeira cultura para a poupança ativa”, defende Nelson Machado

Em geral, os portugueses continuam a sentir-se insuficientemente informados sobre a reforma e começam a poupar para esta fase da sua vida por volta dos 28 anos.
31 Outubro 2018, 07h25

Entre os 30 países analisados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os portugueses ocupam a décima posição quando se avaliam conhecimentos, atitudes e comportamentos face à gestão do dinheiro, recorda Nelson Machado, CEO Vida & Pensões do Grupo Ageas Portugal, defendendo, desde logo, que em Portugal, “ainda não existe uma verdadeira cultura para a poupança ativa”.

Considerando que existem poucos incentivos à poupança e a falta de conhecimentos nesta área ainda é muito comum, em declarações ao Jornal Económico, Nelson Machado afirma que a literacia financeira é, por isto, “determinante no nosso quotidiano, até porque assume cada vez maior complexidade, tornando-se essencial que resulte de um processo de aprendizagem a iniciar desde cedo”.

Em seu entender, tem havido uma evolução positiva neste sentido e reconhece que o Grupo Ageas Portugal tem um papel a desempenhar: “incorporámos na nossa estratégia global de responsabilidade social corporativa o desafio de contribuir, de forma ativa, para a promoção da literacia financeira”.

Em dia de mundialmente se celebrar a poupança e refletir sobre a importância de assegurar um futuro financeiramente mais tranquilo, o responsável sublinha a necessidade de sensibilizar, cada vez mais, para a relevância prática da literacia financeira, nas suas variadas vertentes.

Acreditando que o desenvolvimento de competências neste âmbito e a sensibilização para a criação de hábitos de poupança, devem iniciar-se nas camadas mais jovens, “por forma a desenvolver cidadãos mais conscientes do impacto e da necessidade de uma boa gestão financeira para o seu futuro”, dá ainda nota de que o Grupo está a trabalhar em projetos que permitam materializar este desafio, num futuro próximo. “Esta é uma etapa onde o Grupo Ageas Portugal quer marcar a diferença: queremos dar as bases para que os portugueses conheçam e saibam lidar com estes temas, para, assim, poderem tomar decisões informadas”, conclui.

Aumentam aforradores e poupança média mensal

A percentagem de aforradores aumentou significativamente em 2017, atingindo 62% da população, assim como que o valor médio mensal de poupança aumentou alcançando 221,2 euros por mês, de acordo com a V Sondagem “As pensões, os hábitos de poupança e o perfil do aforrador em Portugal” do Instituto BBVA das Pensões.

Em Portugal, existe ainda um desajuste entre a idade de reforma “desejada” e a idade que consideram “possível”. Os trabalhadores gostariam de se reformar em média aos 58,8 anos mas acreditam que terão de esperar até aos 64,5 anos, identificando-se um diferencial de 5,7 anos.

Evidencia-se ainda o facto de se registar uma diminuição da desconfiança geral relativamente a poder viver sem dificuldades durante a reforma, com cerca de 46% dos entrevistados a não acreditar que possam viver sem dificuldades, um valor bastante inferior ao do ano anterior (70%).

Por outro lado, e com mais de 40% da população a afirmar que poupa atualmente ou já poupou no passado para a reforma, continuam a destacar-se como principais motivos para não poupar para a reforma a “falta de capacidade de poupança” e o considerarem que “ainda falta muito tempo para a idade de reforma”. A confiança no Sistema Público de Pensões não é motivo para não poupar para a reforma.

Quanto aos meios para canalizar a poupança para a reforma, os principais são os depósitos bancários, juntamente com os PPR, os quais mantêm percentagens muito similares ao ano anterior.

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