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Poupança: Famílias portuguesas têm cerca de 140 mil milhões de euros em depósitos a prazo

Fernando Alexandre, professor universitário e orador convidado da conferência “Conversas do Chiado”, alertou que apenas 5% dos portugueses investem em ações, enquanto mais de 60% da riqueza financeira são depósitos a prazo.
  • Cristina Bernardo
29 Outubro 2018, 20h19

“Numa economia que não cresce, como é o caso da economia portuguesa, onde é que as famílias colocam o seu capital?”. A questão foi lançada por Fernando Alexandre, professor universitário e orador convidado da conferência “Conversas do Chiado”, que se realizou esta segunda-feira na loja Fnac do Chiado em Lisboa, que debateu o tema “Investimento em Valor”.

Numa altura em que a taxa de poupança das famílias portuguesas ainda recuperou para níveis anteriores à crise, o repto lançado pelo académico ganha relevância, ainda para mais num contexto demográfico adverso porque a sociedade portuguesa está a envelhecer, com uma taxa de rejuvenescimento geracional diminuto e uma esperança de vida cada vez maior, colocando um peso excessivo no papel das reformas.

Para Alexandre, as famílias portuguesas evitam o mercado bolsista, não só como um investimento, mas também como um instrumento de poupança. “Olhando para o PSI 20, que só ganhou alguma dinâmica quando a banca deu incentivos para comprar ações, só 5% das pessoas têm ações em Portugal, mas concentram 50% desta riqueza. É o mercado mais concentrado”, disse.

Em linha com o professor Pedro Pita Barros, que revelou que a maioria das empresas portuguesas recorrem “às contas bancárias como um instrumento de poupança”, Fernando Alexandre explicou que “mais de 60% da riqueza financeira são depósitos a prazo, no valor de quase 140 mil milhões de euros, aproximando-se do PIB português”.

Ainda assim, Alexandre reconheceu, no entanto, que as famílias portuguesas, que são proprietárias de imobiliário, conseguiram, à custa do turismo, encontrar neste ativo que se tornou atrativo, depois de anos de “estagnação desde 2001”.

Para o professor, “o imobiliário é uma questão mais mal interpretada”, disse. “A propriedade continua a ser o principal investimento” e, “quando as famílias portuguesas são proprietárias de imobiliário” não entende como “é que surgem na imprensa, todos os dias, problemas em relação à subida dos preços do imobiliário, quando as famílias portuguesas são proprietárias de imobiliário. É o melhor ativo que temos”.

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