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Powell deverá anunciar pistas sobre o ‘timing’ da redução gradual da compra de ativos

Arranca esta terça-feira a reunião de dois dias da Reserva Federal norte-americana. Mercados estão de olhos postos na conferência de imprensa de Powell amanhã à espera de pistas sobre o ‘timing’ do ‘tapering’.
21 Setembro 2021, 07h40

Não deverá ser esta quarta-feira que Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana, irá anunciar que o banco central vai arrancar com o tapering imediatamente, segundo os analistas. No entanto, os mercados estão de olhos postos na conferência de imprensa que ocorrerá após a reunião de dois dias do Federal Open Market Committee (FOMC), que arranca esta terça-feira, à procura de pistas sobre o timing da decisão.

“A questão número um para a Fed será o timing de qualquer tapering das suas compras de ativos”, assinalam os analistas do Lloyds Bank, numa nota de research.

Jerome Powell admitiu recentemente que “pode ser apropriado começar a reduzir a velocidade da compra de ativos ainda este ano”, justificando que a economia norte-americana registou “progressos substanciais” no campo da inflação, ainda que considere que existe um longo percurso até ao pleno emprego.

Num aguardado discurso em Jackson Hole, apesar de sustentar que a subida das taxas de juro de referência está ainda distante e dependerá de “uma avaliação mais exigente”, o banqueiro central afirmou que considera, juntamente com o restante comité da Fed, que a economia chegou já a um ponto em que se pode preparar a redução do programa de compra de ativos em curso.

“Pela primeira vez desde há algum tempo, parece haver uma clara divisão entre os membros do FOMC. As pombas parecem no topo por enquanto, embora isso possa mudar facilmente se as próximas impressões da inflação surpreenderem positivamente e os dados sobre o mercado de trabalho mostrarem que a queda nos payrolls de agosto foi apenas pontual. A incerteza em relação à reunião é, portanto, alta e esperamos que o dólar reaja de forma particularmente volátil”, sublinham os analistas da Ebury, recordando que as comunicações dos membros da Reserva Federal norte-americana têm sido relativamente hawkish nos últimos meses à medida que aumentam as pressões inflacionistas e a economia recupera da pandemia.

Ainda que os mercados não esperem que o processo se inicie de imediato estão, contudo, expectantes que o banco central norte-americano comece nesta reunião a clarificar o timing para o início da redução gradual da compra de ativos. “Uma decisão sem mudanças na próxima reunião da FOMC parece uma conclusão precipitada”, referem os analistas do ING.

“Acreditamos que o anúncio da redução do QE [Quantitative Easing] irá ocorrer em novembro. Por enquanto, o máximo que podemos esperar é um otimismo cauteloso na declaração, com um apoio um pouco mais explícito ao tapering este ano na conferência de imprensa de Jerome Powell”, acrescentam.

Já Ricardo Evangelista, analista sénior e diretor executivo da ActivTrades Europe SA, acredita que o tapering só irá arranca em dezembro, “já que, no passado, Jerome Powell deixou, várias vezes, claro que embora pudesse vir a ser apropriado iniciar o tapering antes do fim do ano, tal decisão teria sempre que ser tomada com muita ponderação, citando dois objetivos que teriam que ser alcançados antes: a inflação de forma consistente acima dos 2% e a recuperação do mercado laboral”.

“O primeiro objetivo pode dizer-se que foi alcançado, com os preços ao consumidor a atingirem níveis bem acima dos 2% nos últimos meses; no entanto, o mercado laboral continua a inspirar alguma preocupação”, diz o analista.

Uma opinião partilhada pelos analistas do Lloyds Bank. “É possível que um anúncio aconteça na quarta-feira. No entanto, dado que o relatório de emprego dos EUA de agosto foi tão decepcionante, parece mais provável que isso aconteça na reunião após o início de novembro, com a possível atenção de começar o tapering a partir de dezembro”, justificam.

Se as expectativas para pistas sobre o timing estão elevadas, já sobre a subida das taxas de juro mantêm-se baixas. “Também esperamos ouvir enfatizado que essa decisão é completamente separada de qualquer decisão de aumento das taxas – não há caminho automático para as taxas de juros altos”, referem os analistas do ING.

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