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Presidente da CAP critica Governo pela decisão de aumentar salário mínimo nacional

Eduardo Oliveira e Sousa acusa o ministro das Finanças, João Leão, de ter anunciado a medida sem ter negociado com os parceiros sociais e alerta para a erosão de emprego e para o aumento de falências de empresas do setor que esta medida pode implicar.
29 Setembro 2020, 12h41

Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, critica a decisão do Governo de aumentar o salário mínimo nacional.

Em entrevista, ontem, dia 28 de setembro, ao programa televisivo da RTP 1, ‘Tudo é Economia’, Eduardo Oliveira e Sousa considerou que “esse é um problema um tanto ou quanto complexo para lhe responder, mas eu diria, até de uma forma mais académica que, numa altura em que que o que interessa é não permitir, ou evitar a todo o custo, que as empresas entrem em colapso, que tudo o que seja dar a entender às empresas que a sua estrutura de custos vai subir, pode ser uma antecipação de uma falência”.

“E, por isso, há que ter muito cuidado. Eu não digo que não possa haver algumas pequenas variações, tem é que haver uma negociação, uma compensação. As balanças têm sempre dois pratos, mas, neste momento, com este contexto, eu acho que esta discussão está, neste momento, prejudicada. Está prejudicada porque o senhor ministro das Finanças fez um aviso a dizer ‘Nós vamos aumentar!’ e isso é mau porque isso significa tomar uma decisão antes de negociar”, assinalou o presidente da CAP, em tom crítico em relação à decisão do Governo e ao anúncio assumido pelo ministro João Leão.

“É com os parceiros sociais é que isso deve ser feito, senão para que serve a concertação social?”, interrogou-se Eduardo Oliveira e Sousa, justificando que o aumento do salário mínimo nacional tinha ficado acordado antes de haver pandemia.

“Quando há um desastre, tudo muda. E isto que está a acontecer na economia do mundo é um desastre. Portanto, nós temos que ser capazes de afrontar a realidade. Nós não fizemos agora um milagre de dizer ‘Está tudo bem, vamos aumentar o salário mínimo!’. E esse salário mínimo, quando for aumentado, justifica ou vai ocasionar uma perda, uma erosão na criação de emprego. É mau. Por isso, mais vale tentar estudar como deve ser o ‘dossier’ e ver o que é que significa, de facto, aumentar o salário mínimo”, defendeu o presidente da CAP.

E Eduardo Oliveira e Sousa explicou: “Porque aumentar o salário mínimo não é só aumentar o salário mais baixo, é toda uma escada que vai ser alterada”.

“Isso tem impactos que podem ser mais graves. Como diz o velho ditado, antes quero ter um pássaro na mão do que dois a voar. E se aumentar o salário mínimo for por os pássaros a voar, significa que há destruição de emprego. E, por isso, nós queremos salvar as empresas, para que as empresas, entrando num processo de recuperação da economia, possam aumentar o emprego, e aumentando o emprego e aumentando o valor acrescentado, portanto, entrando num processo de criação e de agregação de valor dentro do país, os salários, obrigatoriamente, aumentam”, garantiu o presidente da CAP na referida entrevista.

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