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Presidente do BCP teme que um quinto do crédito concedido nas linhas Covid-19 venha a ter “problemas”

“O BCP, em 2019 foi ao mercado financiar-se duas vezes. Uma no início do ano e financiou-se acima dos 9% e na segunda vez, no final do ano, acima de 4%. Nós temos várias fontes para poder financiar a economia. O BCE é apenas uma delas”, referiu Miguel Maya.
  • Cristina Bernardo
6 Abril 2020, 15h42

O presidente executivo do Millennium bcp, Miguel Maya, disse que o montante do financiamento a que o banco recorre junto do Banco Central Europeu (BCE) é muito baixo – ainda que se financie aqui a taxas negativas – e que tem outras fontes de financiamento que praticam taxas mais elevadas.

Em declarações ao programa “Economia de Emergência”, na TVI, no sábado, Miguel Maya referiu que no ano passado o BCP financiou-se duas vezes no mercado a taxas acima de 9% e 4%.

“O BCP, em 2019 foi ao mercado financiar-se duas vezes. Uma no início do ano e financiou-se acima dos 9% e na segunda vez, no final do ano, acima de 4%. Nós temos várias fontes para poder financiar a economia. O BCE é apenas uma delas. Depois temos de pagar os salários aos trabalhadores. Temos de pagar a contribuição anual para o Fundo de Resolução que no caso do BCP são 47 milhões de euros por ano”.

E adiantou que “o montante a que nos financiamos a taxas negativas é muito baixo” relativamente ao financiamento angariado junto do banco central liderado por Christine Lagarde.

Nos últimos dias têm surgidos críticas públicas por parte das pequenas e médias empresas sobre os juros e comissões cobrados pelos bancos nas linhas de crédito com garantia do Estado e que foram criadas para apoiar o tecido empresarial, vítima da situação económica provocada pela pandemia do coronavírus. Há empresas que têm tido dificuldades no acesso às linhas Covid e outras confrontam os bancos com o facto do BCE ceder liquidez a juros negativos (-0,75%) e apelam a que os bancos passem a refletir essa liquidez nos créditos aos privados.

“Para estes empréstimos da linha com garantia – os empréstimos da linha Covid – a taxa máxima que os bancos podem cobrar é 1,5%. Se pensarmos que um em cada cinco empréstimos vai ter problemas, como na crise anterior, desse 1,5%, 0,75% era para pagar as perdas desses créditos”, referiu o presidente executivo do BCP.

Além disso, Miguel Maya frisou que “seria aceitável ver os bancos apresentarem resultados extraordinários neste momento. Isso seria um sinal que os bancos se aproveitaram da situação. Mas não é isso que os bancos vão fazer. Garanto que o BCP não o vai fazer”.

Esta segunda-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai reunir-se com os presidentes dos principais bancos para ouvir como é que está decorrer a “agilização para que o dinheiro chegue ao terreno”. Entre os assuntos em cima da mesa estará a rapidez da injeção de liquidez nas empresas ao abrigo das linhas de crédito Covid-19 e também a remuneração dos bancos na parte do crédito concedido que não é garantido pelo Estado.

O primeiro-ministro, António Costa, em entrevista à TVI no dia 24 de março disse que o Estado vai dar garantia entre a 80% a 90% do crédito concedido.

O líder do Executivo disse também que entre 80% a 90% do empréstimo poderá beneficiar de garantia de Estado, “consoante o montante”, e terão um período de carência de um ano.

‘Coronabonds’ são a solução para a retoma da economia da UE

Miguel Maya voltou a destacar o papel da emissão de dívida comunitária para a retoma da economia na União Europeia (UE) através das ‘coronabonds’.

“Nós neste momento na União Europeia temos um momento único de reformular e dar coesão ao projeto europeu. Na minha opinião não é possível que a economia recupere de forma equilibrada, se não avançarmos com os ‘coronabonds’. Não falo dos ‘eurobonds’, que é muito mais complexo, porque implica a mutualização da dívida para a frente. Aqui estamos a falar de uma mutualização da dívida para este propósito específico. Para combater uma adversidade que tocou a todos os países da Europa e por isso não há nenhuma razão para não sermos absolutamente solidários”, disse o presidente executivo do BCP.

“O momento decisivo que vai ditar o que vai ser a Europa nos próximos 50 anos, na minha opinião, é a nossa capacidade de nos apoiarmos uns aos outros, assumir de vez a cidadania europeia como um elemento central das nossas vidas, e portanto usarmos as ‘coronabonds’ para suportarmos os diversos países em função daquilo que são as suas necessidades”, disse o CEO do BCP que defende “incentivos totalmente alinhados, com coesão, que dá prioridade às pessoas, com um projeto que deixe orgulhosos os nossos filhos e os nossos netos do que fizemos num momento particularmente difícil como aquele que estamos a viver”.

https://jornaleconomico.pt/noticias/marcelo-reune-se-hoje-com-banqueiros-para-discutir-respostas-para-empresas-e-familias-571910

 

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